Você já viu aqueles concentrados de maconha que parecem mel, não só pela cor, mas pelo sabor forte que chega a dar água na boca? Também existem concentrados que são usados como terapias! Mergulhe nesse texto e descubra tudo sobre esses tipos de extração.

Nos últimos anos a extração de cannabis vem ganhando cada vez mais tecnologia. Não existem só as formas tradicionais, com solvente e sem solvente, de fazer Haxixe. Hoje quando falamos de extrações, não podemos deixar de lado os diferentes concentrados de maconha, que atraem os maconheiros mais apaixonados por sabores e também mostram-se ser de extrema importância para a área medicinal e na criação de fármacos canábicos. Antes de entender o que são estes concentrados, fique por dentro dos diversos usos medicinais e recreacionais da maconha.

Quando falamos concentrados podemos nos referir a uma gama de tipos diferentes: Haxixe Ice, Dry Sift, BHO, Rosin, Shatter, Wax, Kief, óleo CO2, tinturas e muitos outros.

Cada um desses possui um método de extração e consumo, bem como diferentes efeitos recreativos e medicinais próprios à cada variedade.

Acompanhe o artigo para saber tudo sobre os diferentes concentrados de Cannabis, como são extraídos, consumidos e com qual finalidade são usados.

Haxixe

A gente já falou aqui sobre os diferentes tipos de Haxixe, mas vale a pena relembrar porque ao falar de concentrados de maconha, a primeira coisa que vêm à cabeça da maioria das pessoas é o haxixe.

Apesar do haxixe ser um tipo de concentrado ele difere, e muito, dos diversos extratos de Cannabis que temos no mercado atual.

A principal diferença entre cada tipo de haxixe é em relação à forma de extração. Isso é, em algumas extrações há o uso de solventes, enquanto em outras a extração é feita usando apenas uma combinação de pressão e calor para serem produzidos.

Kief

Tipos de haxixe: kief
Foto: Leafly

O haxixe tradicional é feito a partir de um processo meramente físico, onde as flores são chacoalhadas ou trituradas em cima de uma rede para que os tricomas de THC se separem da planta e caiam na tela.

A partir daí, os tricomas soltos passam pela tela e caem em um recipiente, formando uma substância chamada Kief.

O Kief também pode ser coletado por qualquer um com um dichavador que possua uma tela no seu compartimento inferior. Vale lembrar que todas essas técnicas são recomendadas para fazer com as flores da Cannabis. Usar a maconha prensada pode render um produto de péssima qualidade ou mesmo não render nada pela sua baixa concentração de THC.

Haxixe Dry Sift

Uma das formas mais antigas de consumo da Cannabis, o Haxixe Dry Sift nada mais é que um prensado da resina da planta, ou seja, um prensado do Kief que acabamos de conhecer. Essa forma de extrair Haxixe é muito comum no Marrocos, mas também é muito simples de fazer em casa!

Tipos de haxixe: dry sift

Dry Sift

Bubble Hash / Ice-o-lator

Tipos de haxixe: ice-o-lator
Ice-o-lator

O Bubble Hash ou Ice-o-lator é um tipo de haxixe que borbulha quando aquecido.

O processo de produção do Bubble Hash é muito parecido com o do Haxixe Dry Sift , porém com o uso de água e gelo para facilitar a separação dos tricomas da planta. 

As flores ou folhas sujas de resina são adicionadas às peneiras chamadas Bubble Bags, junto com água e gelo. Cada Bag possui uma rede com diferente espessura, para que todos os tricomas sejam extraídos da mistura. Depois disso se mistura o conteúdo por algum tempo, retira-se a água e as plantas e no final das sacolas sobra apenas o haxixe, que deve secar durante um dia antes de ser consumido.

Como o THC não se dissolve em água, os tricomas podem ser facilmente extraídos pelas peneiras, aumentando muito a qualidade do produto final quando comparado aos métodos tradicionais de produção. 

Já detalhamos o passo a passo de como fazer o Bubble Hash em outro post! Recomendo a leitura antes de se aventurar como hash maker.

Concentrados

Os concentrados de Cannabis quase sempre possuem uma concentração de canabinóides muito maior do que os haxixes tradicionais, podendo chegar a valores acima de 70% de THC em um extrato.

Enquanto na produção dos haxixes que mostramos até aqui o método de extração dos tricomas é predominantemente físico, vamos falar de alguns concentrados que usam algum tipo de solvente para ajudar no processo de extração. Os solventes mais usados são: CO2, butano e álcool de cereais. 

Vamos mostrar agora um pouco mais sobre os métodos de extração mais utilizados na atualidade, falar um pouco sobre as vantagens e desvantagens de cada um e também mostrar uma forma fácil e segura de você fazer um extrato na sua própria casa.

Butane Hash Oil (BHO)

Haxixe de butano
BHO

O BHO ou traduzindo ao pé da letra óleo de haxixe de butano, é um concentrado extremamente potente consumido via vaporizadores, bongs ou dabs. Vamos explicar ao final do post como consumir cada variedade, mas lembrando que há várias formas de consumir maconha, não apenas fumando.

Os canabinóides são extraídos da planta através do butano, que produz uma cera que pode ser mais pegajosa ou rígida, dependendo do tipo de acabamento e extração usado por cada um.Por ser um hidrocarboneto altamente inflamável é muito perigoso trabalhar com o butano fora de laboratórios de extração, ou seja, não recomenda-se tentar essa técnica em casa.

Redução de Danos não é só sobre reduzir os riscos da cannabis quando as consumimos, mas também envolve todo processo de produção, fabricação e uso das substâncias em questão. No caso do BHO, a produção envolve muitos riscos e por isso não se arriscar em produzi-la também é uma estratégia de redução de danos.  

Butane hash
BHO

Além da forma de extração do BHO não ser segura e especialistas recomendarem que além de ser uma extração indicada para realização em ambiente profissional, o óleo extraído deve ser testado em laboratório para garantir que níveis excessivos de butano não estejam presentes.

Se consumido, o butano pode trazer muitas consequências prejudiciais à nossa saúde, por isso também é recomendado consumir Haxixe extraídos sem solvente.

Como é um dos métodos mais populares de extração, o BHO ganhou vários nomes como: Shatter, wax, budder, crumble, entre diversos outros.

Todos estes utilizam o método de extração via butano, porém possuem aparência e texturas distintas devido as diferenças no acabamento de cada um.

Shatter

Shatter vem do inglês “estilhaçar” e ganhou esse nome por causa de sua textura e consistência muito similar ao vidro.

É uma forma altamente refinada do óleo de butano, normalmente feita em pressão e vácuo e submetida à diversos passos para eliminar quaisquer traços da planta e solventes no produto final.

Essa forma de extração é uma das mais potentes conhecidas atualmente, podendo criar concentrações de até 90% de THC.

Wax (Budder, Crumble)

Wax, que em inglês significa cera, é um método de extração que usa o butano assim como o BHO e o Shatter. Tanto o Budder como o Crumble são variações do Wax.

A diferença desses concentrados está na purgação (Processo onde retira-se os solventes residuais da mistura) e secagem. O Wax é feito agitando o óleo em seu processo de purgação, adicionando ar ao extrato e criando sulcos dentro do mesmo. Ao contrário dos óleos transparentes, as moléculas de Wax de cannabis cristalizam como resultado da agitação e isso faz com que ele ganhe uma textura opaca.

O Wax pode assumir consistências diferentes baseadas no calor, na umidade e na textura do óleo antes de ser purgada, por isso muitas vezes se separam em Budder (Consistência de manteiga) ou Crumble (Migalhas).  Ou seja, tanto o Budder como o Crumble são variações do Haxixe Wax. 

CO2 Oil (Óleo de CO2)

O óleo de CO2 é um método comercial de extração de canabinóides feito por máquinas que combinam altas temperaturas e pressão para criar mudanças na fase do CO2.

Este método, chamado de extração com fluido supercrítico, é uma das formas mais eficazes e limpas de reduzir a cannabis aos seus compostos essenciais.

Uma máquina para extração com fluido supercrítico pode chegar a custar centenas de milhares de reais, então não é algo que iremos conseguir fazer em casa.

Essas máquinas conseguem separar perfeitamente os componentes da planta um do outro, como terpenos e canabinóides.

A consistência do óleo de CO2 tende a ser menos viscosa que de outros óleos, sendo recomendado seu consumo via canetas vaporizadoras ou dabs.

De acordo com uma pesquisa da Universidade de Leiden, na Holanda, o THC é o canabinóide menos solúvel em CO2 supercrítico. CBD, CBG, CBN e outros canabinóides tiveram maior solubilidade, o que significa que para aqueles que estão à procura de óleos com quantidades muito elevadas de THC, outros métodos podem ser mais indicados.

O benefício principal do uso de CO2 é uma extração mais limpa. O butano recebe muitas críticas já que seus concentrados podem conter resquícios do solvente cancerígeno. Os solventes de CO2 também deixam para trás mais terpenos, criando um produto mais saboroso.

Rosin

O Rosin é o concentrado preferido dos críticos dos solventes. Isso porque é uma forma revolucionária de extrair o concentrado. Por muitos anos, o Kief, Dry Sift e Bubble Hash eram as únicas maneiras conhecidas de se extrair canabinóides da maconha sem usar solventes.

Há alguns anos o Rosin ganhou popularidade quando as pessoas perceberam que é um método rápido, barato, seguro e fácil de se fazer concentrados caseiros sem precisar de equipamentos caros (Como o CO2) ou lidar com ingredientes perigosos (Como o BHO).

Baixo calor e pressão são aplicados à maconha até que os óleos sejam espremidos. Após o óleo THC ter esfriado, ele pode ser coletado com uma ferramenta de metal ou vidro e fumado em um bong ou dab. É possível extrair o Rosin a partir da flores de Cannabis seca, da Cannabis Fresh Frozen, ou seja, congelada após a colheita, ou também de outro Haxixe sem solvente. 

Esse método ganhou grande popularidade quando algumas pessoas descobriram que podiam fazer seu próprio Rosin em casa usando apenas: Papel manteiga, uma chapinha de cabelo e uma flor com bastante resina.

Como fazer Rosin em casa

  1. Separe as flores secas com mais tricomas, seu fresh frozen ou Haxixe.
  2. Envolva a matéria prima escolhida em papel manteiga
  3. Apenas coloque as flores ou Hash com o papel manteiga dentro da chapinha e aperte com bastante força até que os óleos comecem a ser espremidos da flor.

No final você terá algo parecido com isso:

Fazendo rosin com chapinha

Rosin é justamente essa resina amarelada que é extraída no papel manteiga, depois de extraída basta apenas pegá-la com uma ferramenta de metal ou vidro e fumá-la em um dab.

Prensa para rosin
Prensa caseira Squishit

Essa é a versão caseira do Rosin, mas há algumas prensas, conhecidas como Rosin Press, usadas em laboratórios e que extraem o concentrado de uma forma mais profissional. A maior diferença entre o Rosin caseiro e o industrial é o controle das temperaturas que permitem escolher quais canabinóides estão mais presentes no concentrado, e também preservam os terpenos. Uma Rosin Press pode custar alguns milhares de reais.

Se usarmos uma prensa própria para a extração logicamente os resultados serão melhores, entretanto algumas empresas já produzem prensas caseiras a preço acessível para o consumidor de Cannabis.

A potência do concentrado também dependerá da qualidade da erva. Alguns testes realizados nos Estados Unidos mostram que o Rosin pode possuir de 50-80% de THC, o que é um número muito bom para um concentrado que não faz uso de solventes e pode ser feito em casa.

Tinturas

Tinturas
Tinturas

A tintura é um líquido concentrado que é criado a partir da extração dos compostos químicos da planta através do álcool. Essa já foi a forma mais comum de medicação canábica antes da proibição da erva em 1937 nos Estados Unidos.

A forma de preparo é muito simples: As flores secas de Cannabis são misturadas a alguma solução rica em álcool e ficam ali “curtindo” por alguns dias ou semanas. Depois disso basta filtrar o líquido rico em canabinóides.

As tinturas podem ser consumidas por via sublingual, oral ou misturadas em alguma comida ou bebida de sua preferência. Atualmente elas já estão disponíveis em diversos sabores na indústria canábica, sendo uma ótima maneira para que pacientes possam usufruir dos benefícios da erva sem ter que fumá-la.

Rick Simpson Oil (RSO)

Rick Simpson Oil
Rick Simpson Oil (RSO)

Rick Simpson é um ativista pró maconha medicinal que relata ter se tratado de um câncer de pele usando um remédio caseiro à base de Cannabis.

Ao colocar as flores de maconha no álcool isopropílico ou de grãos, os compostos químicos da planta são extraídos deixando para trás um óleo viscoso semelhante ao alcatrão depois que os solventes evaporam.

O RSO pode ser administrado via oral, sublingual ou aplicado diretamente sobre a pele.

Este óleo é mais comumente usado para fins medicinais principalmente por pacientes com câncer ou convulsões.

Óleo de CBD

A ciência da produção dos concentrados de Cannabis nada mais é que o processo de extrair e separar os canabinóides da erva.

Apesar do THC ser o composto mais estudado da maconha pelas suas propriedades terapêuticas e psicoativas, o CBD vem ganhando muito espaço nos últimos 10 anos pelas suas características medicinais.

Os óleos de CBD são extraídos da mesma maneira que os concentrados que vimos acima, porém são usadas plantas de cânhamo para o processo.

Por não possuírem níveis significantes de THC, os extratos dessas plantas provêm propriedades anticonvulsivas para pacientes epilépticos sem o barato psicoativo da erva. Muitos acham que o CBD pode ser um divisor de águas politicamente e medicalmente na história da maconha: Retirando o “barato” da equação quebra uma grande barreira para a aceitação do uso pediátrico da planta.

O CBD também pode ser um poderoso analgésico, anti-inflamatório e ajudar no alívio da ansiedade, fazendo com que o segmento dos concentrados de CBD seja um dos que mais cresce na indústria de Cannabis medicinal atualmente.

Como usar os concentrados de maconha

Como podemos ver são muitos os concentrados de maconha disponíveis no mercado atual. Cada um desses possui propriedades físicas diferentes, então cada um também terá de ser consumido de maneira distinta.

Há várias maneiras de se consumir os extratos da erva, falaremos sobre algumas mais famosas e recomendadas por usuários de todo o mundo:

Fumar como um cigarro

Provavelmente a forma mais famosa de consumo de maconha em todo o mundo. Cigarros de maconha devem ser enrolados em um papel específico e depois acesos e fumados, não há muito mistério.

Quando falamos de concentrados, porém, devemos atentar que apenas alguns deles poderão ser fumados em forma de cigarro e com algumas observações.

Os concentrados que podem ser consumidos em forma de cigarro são:

  • Kief, Haxixe Dry Sift e Ice-o-lator (Misturado com tabaco ou erva)
  • Extratos oleosos também podem ser consumidos em forma de cigarro, apenas molhando o papel do cigarro no óleo ou misturando-o ao tabaco para que possa queimar.

Fumar em um Bong ou Pipe

O bong ou pipe são uma ótima escolha para fumar quase todos os tipos de concentrados. Alguns possuem um compartimento com água que a fumaça passa por ele antes de ser inalada, diminuindo a temperatura da fumaça e consequentemente melhorando a qualidade de vida do usuário. Usar um Bong ou Pipe de vidro é uma estratégia de redução de danos.

Com exceção das tinturas e o óleo de CBD, todos os outros concentrados apresentados aqui podem ser fumados usando-se um bong ou pipe. Para concentrados mais líquidos recomenda-se misturar um pouco de tabaco ou erva para que ocorra a combustão completa do extrato.

Canetas vaporizadoras

As canetas vaporizadoras ganharam muita fama nos últimos anos, sendo usadas como substitutas para os cigarros tradicionais, são carregadas com um óleo que é aquecido a temperatura ideal para que ele vaporize e não cause muitos danos aos pulmões dos usuários.

Como a recarga dessas canetas é feita por meio de um compartimento em que se coloca o extrato oleoso de alguma essência, qualquer tipo de concentrado que seja oleoso pode ser consumido usando uma caneta vaporizadora.

Entretanto é necessário atenção! Nem todas as marcas de vaporizadores são confiáveis! Algumas, inclusive, foram proibidas em Washington após uma crise de saúde pública com usuários de vaporizadores no estado norte americano. 

Usar um vaporizador de marca confiável reduz os riscos de doenças pulmonares. 

Dabbing

Dabbing é o mais novo e famoso método de se consumir concentrados de maconha.

Esse método é usado para consumir extratos que quase sempre têm uma altíssima concentração de canabinóides, por isso é recomendado apenas para veteranos da erva.

O processo envolve a vaporização dos extratos quando em contato com alguma superfície quente (Geralmente vidro, titânio, cerâmica ou quartzo) e depois a inalação desse vapor por meio de um bong.

Com ajuda de um maçarico, o usuário esquenta a superfície escolhida e coloca seu concentrado ali. Idealmente a temperatura da superfície deve variar de 250 a 400 graus celsius, temperaturas mais altas causarão uma vaporização mais completa enquanto temperaturas mais baixas preservarão mais o sabor e os terpenos presentes no extrato.

A ferramenta usada como superfície se chama “dab rig” ou às vezes “oil rig” e pode ser adquirida em diversas tabacarias ou até mesmo online. Lembrando que seu bong deve possuir o encaixe para o dab rig, ou terá de adquirir um outro bong próprio para o dabbing.

Uso medicinal

Os concentrados de maconha não são feitos apenas para uso recreacional, mais importante que isso, estão sendo cada vez mais usados na medicina por pacientes que precisam de doses mais elevadas de canabinóides em seu tratamento.

Cada concentrado terá diferentes propriedades medicinais que serão ditadas pela concentração de cada canabinóide no produto em questão.

Os concentrados mais presentes no mercado atual e os mais fáceis de se fazer em casa são os de THC e CBD. Para saber um pouco mais sobre a aplicação de cada um desses na medicina dê uma olhada neste artigo que mostra os distintos usos terapêuticos desses canabinóides.

O futuro da Cannabis medicinal caminha para formas mais concentradas e bem definidas da erva. Com o avanço da tecnologia dos extratos podemos saber perfeitamente as quantidades presentes de cada canabinóide nos concentrados e com isso moldar seu uso para as necessidades de cada paciente.

Gostou do texto? Restou alguma dúvida? Gostaria de nos contar algo novo sobre o tópico? Deixe seu comentário abaixo!