Você já se perguntou quais são as principais diferenças entre a cannabis Indica e Sativa? Bem, chegou a hora de desvendar os segredos por trás das características físicas, efeitos e sabores de cada uma dessas variedades.

Prepare-se para mergulhar de cabeça em um universo fascinante! 

Acredite, a discussão acerca das diferenças existentes entre a cannabis Indica e a cannabis Sativa pode parecer uma verdadeira batalha, mas relaxa, pois nós vamos nesse artigo decifrar de uma vez por todas o que a genética nos conta sobre essas plantas incríveis.

Aqui trazemos uma análise minuciosa e super completa das Indicas e Sativas, de forma que você saiba exatamente como diferenciá-las. Se você é um possível jardineiro de cannabis ou apenas alguém curioso(a) em saber mais sobre o cultivo, este texto é para você!

Então, vamos lá! São 7 minutos de leitura que te separam nesse momento de uma jornada cheia de informações interessantes e curiosidades sobre as diferentes vertentes dessa planta tão poderosa.


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A taxonomia da Cannabis

Para entender melhor as diferenças entre indica e sativa, vamos dar uma olhada na taxonomia da cannabis. Prepare-se para entender melhor essa história.

Tudo começou lá na década de 1750, quando o famoso botânico Carl Linnaeus classificou a cannabis pela primeira vez. Naquela época, ele acreditava que o gênero da cannabis era monotípico, ou seja, que continha apenas uma espécie. E adivinha como ele a chamou? Cannabis Sativa L.

Linnaeus, que era um botânico sueco brabo, fez essa classificação trabalhando com plantas de cânhamo. E olha só, naquela época, o cânhamo era cultivado em larga escala em toda a Europa. Já pensou se eles soubessem o potencial daquelas plantinhas?

Mas as coisas ficaram ainda mais interessantes em 1785, quando o naturalista francês Jean-Baptiste Lamarck entrou em cena. Ele publicou uma descrição de uma espécie de cannabis que era diferente daquela de Linnaeus. 

Lamarck deu a ela o nome de Cannabis indica Lam. Ele percebeu que essa espécie produzia fibras de qualidade inferior, mas tinha um efeito inebriante bem mais forte. Você tem ideia de onde ele encontrou essas plantinhas? Na Índia, meu chapa!

Aí, corta para o século 20, quando o botânico russo De Janichevsky fez uma descoberta alucinante. Ele identificou uma terceira variedade de cannabis crescendo livremente na Rússia, que hoje conhecemos como Cannabis Ruderalis. Essa era como uma praga, resistente e adaptada ao frio russo, saca?

Mas a história não para por aí. Na década de 1970, taxonomistas e botânicos resolveram dar uma revisada nessa classificação toda da cannabis. Eles queriam encontrar a melhor forma de classificar a planta e dar nome aos bois, ou melhor, às plantas. Afinal, era muita erva pra pouca classificação, né?

Ainda existe um debate em torno da taxonomia adequada das variedades indica, sativa e ruderalis, mas os cientistas acreditam que existem diferenças notáveis o suficiente entre elas para serem consideradas três espécies distintas. E é aqui que entram em cena as queridinhas indica e sativa, que são as que vamos explorar neste artigo.

Cannabis Sativa

A Cannabis sativa é uma verdadeira aventureira, nativa de climas tropicais quentes, onde ela cresce espontaneamente em lugares como Tailândia, Vietnã, Colômbia, México e até mesmo em algumas regiões da África. Essas áreas são conhecidas por seus verões longos, quentes e úmidos, e a Sativa desenvolveu algumas habilidades impressionantes para lidar com essas condições.

Uma das adaptações mais notáveis da Sativa é seu crescimento em altura. Essas plantas podem atingir alturas consideráveis, e isso se deve à necessidade de buscar luz solar em meio à densa vegetação tropical. Além disso, as plantas Sativa apresentam um espaçamento maior entre os nós, o que significa que os ramos se estendem ao longo do caule, permitindo que a planta aproveite ao máximo a luz disponível.

Outra característica marcante das plantas Sativa são seus botões finos e suas folhas mais estreitas. Essas características ajudam a lidar com a alta umidade presente nessas regiões, pois as folhas mais finas são menos propensas a acumular umidade e reter calor. Isso ajuda a evitar problemas como o mofo e reduz a atratividade para pragas indesejadas.

Devido ao seu tamanho e adaptações climáticas, as plantas Sativa são geralmente mais adequadas para o cultivo ao ar livre. Elas prosperam especialmente em climas quentes e tropicais com longos verões, onde podem receber luz solar abundante e crescerem em todo seu potencial. Se você está planejando cultivar cannabis ao ar livre em um clima tropical, as variedades Sativa são excelentes opções para você considerar.


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Cannabis Indica

As plantas Indica, por outro lado, são nativas de regiões montanhosas mais frias e secas, como as do Nepal, Índia e outras áreas do subcontinente indiano, onde os verões são mais frescos e as estações de cultivo são mais curtas. A Cannabis Indica se adaptou a essas condições e desenvolveu tempos de floração mais rápidos e uma folhagem densa, quase que como uma floresta de botões.

Por conta da sua estatura menor e do seu tempo de floração acelerado, as plantas Indica são perfeitas para o cultivo indoor. Elas são facilmente moldáveis através de técnicas de treinamento, e o resultado são botões lindos e densos, que enchem os olhos e os potes, é claro!

Além disso, a velocidade de floração das plantas Indica também permite que os jardineiros façam várias colheitas num período de tempo mais curto. Ou seja, você pode ter uma produção constante e não precisa ficar esperando meses a fio para curtir os frutos do seu trabalho.

Agora que você já conhece um pouco mais sobre as plantas Indica, que tal colocar as mãos na terra e começar a cultivar essas belezinhas? Não importa se você é um jardineiro de primeira viagem ou um veterano na arte da cannabis, as plantas Indica vão te surpreender com sua versatilidade e resultados incríveis!

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Diferença de crescimento entre Indica e Sativa

As plantas Indica e Sativa têm características de crescimento bastante diferentes. Mas, não se preocupe, essas diferenças não ficam muito claras até que a fase de floração comece.

As plantas Indica têm um crescimento mais compacto e acelerado. Elas ganham altura, formando um dossel denso e espesso. É como se elas ficassem mais cheias e “encorpadas”.

Já as plantas Sativa passam por um alongamento considerável. É como se elas estivessem buscando a luz com todas as suas forças! Essa mudança no ciclo de luz desencadeia uma verdadeira explosão hormonal que faz com que elas estiquem em direção à luz. Em alguns casos, esse fenômeno, conhecido como o estiramento da floração, pode fazer as plantas dobrarem de tamanho. É realmente impressionante! Quando plantadas profundamente no solo ou em grandes recipientes, as Sativas podem atingir alturas incríveis, chegando a 3 metros ou até mais.

Agora você já tem uma ideia de como as plantas Indica e Sativa se comportam durante o crescimento. É importante lembrar que essas são apenas características gerais e que existem inúmeras variedades híbridas que podem apresentar características mistas. 

Se você está pensando em começar seu próprio jardim de cannabis, é interessante conhecer essas diferenças para escolher as plantas que melhor se adequam ao seu espaço e preferências.

Qual é a diferença entre Indica e Sativa?

As diferenças mais óbvias entre indica e sativa estão em suas características físicas. O botânico americano Richard E. Schultes e uma equipe de pesquisadores descrevem a sativa e a indica da seguinte forma:

  • Sativa: alta e frouxamente ramificada com folhas estreitas
  • Indica: Mais curta com formato cônico e folhas mais largas

As grandes diferenças entre indica e sativa podem ser explicadas observando suas origens geográficas. Abaixo, veremos mais de perto as muitas diferenças entre sativa e indica.

Plantas de Cannabis Sativa e Indica

Registros botânicos que datam do século 18 detalham as diferenças visuais entre os dois subtipos de cannabis. Essas distinções morfológicas aparecem na anatomia de cada subtipo, desde as folhas até as flores.

Diferenças de folhas de Indica e Sativa

Vamos começar com uma das maneiras mais fáceis de diferenciar as plantas de cannabis: suas folhas. 

As Indicas têm folhas largas em formato de leque, com dedos mais grossos, enquanto as Sativas apresentam folhas mais estreitas e longas, com dedos mais finos. 

No entanto, dar um passo para trás revela outro segredo que muitos jardineiros experientes já conhecem: a aparência geral das plantas. As Indicas são como os lutadores de sumô do mundo da cannabis, com um porte arbustivo e um corpo robusto. Elas são compactas, cheias de energia e se destacam por sua estrutura sólida. Já as Sativas são mais como as supermodelos das plantas, esguias e altas, com uma silhueta alongada e uma elegância deslumbrante. Elas têm espaço de sobra entre os nós, como se estivessem prontas para desfilar nas passarelas botânicas.

Foto de Amritansh Dubey na Unsplash

Então, meus amigos, quando se trata de diferenciar as variedades Indica e Sativa, as folhas e a aparência geral são dois elementos-chave que podem ajudar você a decifrar essa charada.

Densidade das flores entre Indica e Sativa

Os dois subtipos também produzem flores com características distintas, embora seja preciso um olho treinado para distinguir a sativa da indica quando se trata de botões bem cuidados. Sem mencionar que a maioria das linhagens modernas são híbridas de ambos os subtipos, tornando quase impossível determinar o subtipo dominante observando apenas a flor.

De um modo geral, os botões de sativa são mais leves, mais longos, mais finos e macios. É provável que um saco de botões de sativa pareça conter muito mais material devido à falta de densidade. Por outro lado, os botões indica são tipicamente muito mais compactos e firmes.

Diferenças no aroma e sabor entre Indica e Sativa

As plantas indica e sativa produzem diferenças notáveis ​​nos efeitos, mas é preciso ser um verdadeiro conhecedor de cannabis para diferenciá-las apenas pelo sabor. Os fitoquímicos aromáticos conhecidos como terpenos sustentam o sabor vibrante e o cheiro da erva, e cada cepa contém proporções diferentes dessas moléculas.

As plantas puras de sativa e indica apresentam perfis de terpenos únicos que os fumantes experientes podem distinguir. Os botões de indica oferecem sabores mais doces e ricos de mel e frutas, enquanto as plantas de sativa produzem sabores mais terrosos e de combustível.

Indica e Sativa: quais são seus efeitos?

Além das diferenças de aparência, a comunidade canábica também classifica as variedades como sativa e indica com base em seus efeitos. A maioria concorda que as cepas de sativa são edificantes e energizantes, enquanto as cepas de indica são poderosamente sedativas. Mas será que essa divisão é realmente válida? Alguns especialistas argumentam que não podemos confiar nos termos indica e sativa para descrever os efeitos da cannabis.

Em 2016, a revista Cannabis and Cannabinoid Research publicou uma entrevista com o Dr. Ethan Russo, renomado especialista e Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do International Cannabis and Cannabinoids Institute (ICCI). Nessa entrevista, Russo expressou sua opinião de que os termos indica e sativa não nos fornecem informações precisas sobre os compostos químicos presentes em uma determinada planta e, consequentemente, não são indicativos de seus efeitos.

Um argumento semelhante foi apresentado pelo reverendo Dr. Kymron deCesare, diretor de pesquisa do Laboratório Steep Hill, na Califórnia, em uma edição impressa do High Times. Ele afirma que indica e sativa não são capazes de nos fornecer informações substanciais além das características físicas da planta.

Então, se não podemos confiar na distinção entre indica e sativa para prever os efeitos da cannabis, como podemos entender melhor as propriedades de uma cepa em particular? A resposta está nos compostos químicos presentes na planta, chamados de canabinoides e terpenos. Essas substâncias são responsáveis por fornecer os efeitos e aromas distintos encontrados em diferentes variedades de cannabis.

Por exemplo, o canabinoide THC é conhecido por seus efeitos psicoativos, enquanto o CBD tem propriedades terapêuticas sem causar uma sensação de “barato”. Além disso, os terpenos, que são responsáveis pelos aromas e sabores da planta, também desempenham um papel importante nos efeitos experimentados.

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Cannabis híbridas:

A maioria das variedades de cannabis que você encontrará no mercado hoje são híbridas com genética sativa e indica. 

Além das diferenças físicas entre indica e sativa, algumas pesquisas também sugerem que as duas variedades podem conter diferentes concentrações de terpenos, o que pode ser outro fator que explica por que produzem efeitos diferentes. Por exemplo, algumas fontes atribuem a qualidade sedativa característica das cepas de cannabis “indica pesada” a uma alta concentração de mirceno.

O mirceno é um terpeno encontrado em muitas plantas, incluindo lúpulo, tomilho, capim-limão, manga, cardamomo e, claro, cannabis. Diz-se que exala um cheiro terroso e levemente apimentado e, em altas concentrações, acredita-se que dê a algumas variedades de cannabis esse efeito sonolento exclusivo.

Além de olhar para compostos individuais como terpenos e canabinóides, também é importante considerar como esses compostos podem interagir uns com os outros e, assim, alterar nossa experiência com a cannabis. O potencial dos constituintes químicos da cannabis de interagir uns com os outros é o que os principais pesquisadores de cannabis do mundo chamam de “efeito entourage”.

Conclusão

Neste artigo, esperamos ter esclarecido alguns dos mitos que cercam as diferenças entre indica e sativa. Embora existam diferenças morfológicas claras entre as linhagens indica pura e sativa pura, o restante das distinções é mais difícil de definir e envolve muito mais do que apenas genética. Ainda assim, as categorias indica e sativa permitiram à comunidade canábica desenvolver uma linguagem para classificar e diferenciar esta planta fascinante.

E aí, gostou do artigo? Já sabia de alguma dessas coisas? Conta aí pra gente nos comentários.