O avanço das pesquisas com cannabis revelam seus diversos usos para fins medicinais. descubra quais doenças podem ser tratadas com a maconha medicinal e como ter acesso ao medicamento no Brasil.

As propriedades medicinais da maconha não são uma novidade para a ciência. Os primeiros registros sobre o uso da Cannabis com fins medicinais mostram que, em 2700 a.C., na China, a planta já era prescrita para diferentes tratamentos.

Historiadores e antropólogos descrevem um uso milenar da maconha para o tratamento de dores de ouvido e cabeça, reumatismo e alívio do stress em diferentes lugares da Ásia e do Oriente Médio.

Desde então, a maconha passou a ser conhecida principalmente pelos seus efeitos psicoativos e possíveis riscos à saúde como psicose e perda de memória recente. Apesar disso, uma parcela da comunidade científica resistiu às medidas impostas e continuou buscando entender os benefícios da maconha na medicina.

Atualmente, 183 milhões de pessoas, espalhadas por 135 países, fazem uso da maconha para fins medicinais, segundo um levantamento feito pela UNODC, órgão das Nações Unidas que discute as políticas de drogas.

Países como Uruguai, Canadá, Espanha, Portugal e alguns estados dos EUA já regulamentaram o uso recreativo e/ou medicinal da Cannabis nos últimos anos. A luta para a legalização da maconha medicinal caminha a passos lentos no Brasil, apesar disso, já tivemos avanços importantes como a aprovação da ANVISA para importação de produtos à base de Cannabis.

Mas afinal, por que a maconha é medicinal? Os resultados de pesquisas feitas nos últimos anos mostraram a importância e eficiência das substâncias da Cannabis no tratamento de diversas doenças, incluindo esclerose múltipla, epilepsia, dor crônica, diabete, câncer e outras. Isso tem relação com o sistema endocanabinoide e do nosso corpo que se conecta com a maconha e vamos falar sobre isso mais adiante!

O objetivo deste texto é abordar o panorama da Cannabis no Brasil e no mundo, bem como trazer exemplos dos benefícios de seu uso medicinal para o tratamento de algumas doenças. Através de uma linguagem simples e esclarecedora buscamos desmistificar vários tabus que são impostos pela sociedade quando o assunto é o uso da erva medicinal.

Nesse texto vamos falar mais sobre os usos medicinais da cannabis e como conseguir autorização para obter CBD medicinal no Brasil. Confira!

A maconha é medicinal?

A descoberta do Sistema Endocanabinóide pelos israelitas Raphael Mechoulam, Yechiel Gaoni e Habib Edery mudou completamente o nosso conhecimento sobre a Cannabis e seus efeitos no corpo humano.

Os cientistas entenderam que o nosso cérebro produz uma substância, Anandamida, que interage com os sistemas responsáveis por regular o nosso sono, apetite e humor.

Esse Sistema, também se conecta com os fitocanabinóides, ou seja, as substâncias químicas presentes na Cannabis. E isso significa que a maconha acaba interagindo nas mesmas áreas do cérebro que a Anandamida e, portanto, pode ter um uso medicinal além do recreativo.

Por outro lado, há uma discussão dentro da medicina, que defende que o Sistema Endocanabinóide é tão complexo que o uso da Maconha medicinal pode intervir negativamente no nosso corpo.

Até o momento presente, as pesquisas feitas com Cannabis apontam que o uso da maconha durante a adolescência ou a gravidez podem ser prejudiciais para a formação e desenvolvimento do cérebro, outro risco do uso da maconha é agravar quadros de psicoses principalmente em indivíduos com predisposição para esquizofrenia.

Ao mesmo tempo que o THC pode oferecer riscos para à saúde mental, a maconha medicinal pode ser usada para ansiedade e depressão.

Apesar dos riscos relacionados ao uso de maconha, ainda não foram encontradas contraindicações para o uso isolado do CBD, um dos principais fitocanabinóides, assim como o THC.

As principais diferenças entre THC e CBD

Os principais canabinóides da maconha são o THC e o CBD. Muito tem sido estudado a respeito desses componentes. Hoje em dia já é possível diferenciá-los por seus efeitos que ajudam a combater os sintomas de muitas doenças.

Nesta seção do texto vamos diferenciá-los e explicaremos melhor suas aplicações medicinais.

Vale ressaltar, que tanto o THC quanto o CBD atuam no tratamento dos sintomas que são causados por alguma doença e não no tratamento da doença por si só. Dessa forma, entende-se que os medicamentos a base de Cannabis são complementares e devem ser utilizados em conjunto com outras técnicas e procedimentos médicos.

O tetrahidrocanabinol é o princípio ativo mais famoso da maconha, é aquele que “dá o barato”, além de seus efeitos psicoativos o THC também possui importantes propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, que estimulam o apetite, dentre outras.

O THC, um dos principais compostos da maconha, é um excelente princípio ativo utilizado na fabricação de drogas para usos terapêuticos, com potencial para o desenvolvimento de estudos e avanços no tratamento de doenças como o câncer, HIV, glaucoma, ansiedade e depressão.

O canabidiol, CBD, é uma substância química que representa cerca de 40% dos extrativos da planta. Diferente do THC, o CBD não tem efeito psicoativo, ele utiliza vias fisiológicas e se liga a receptores específicos diferentes dos quais o THC utiliza.

Muitos estudos relacionam o canabidiol com partes do nosso sistema imune responsáveis pela manifestação de importantes efeitos terapêuticos. Dentre os usos medicinais do CBD estão os relacionados com a sua atividade anticonvulsivante, efeitos anti-inflamatórios, antipsicóticos, ansiolíticos e antitumorais.

As diferentes subespécies de Cannabis contém THC e CBD, mas a Cannabis Sativa para uso medicinal, assim como a Cannabis Indica medicinal são mais ricas em THC que a Cannabis Ruderalis ou o Cânhamo, também conhecido como Hemp e, com diferentes usos na indústria e na medicina. O Hemp oferece um uso nutricional e medicinal da maconha.

Benefícios da maconha medicinal no tratamento de doenças

Tratamento de dores crônicas

Buscando alternativas para o tratamento das dores crônicas, a maconha medicinal vem se tornando uma alternativa eficiente, sendo essa uma das maiores causas do aumento do uso medicinal da planta. Muitos estudos comprovaram a eficiência da Cannabis para o tratamento de dores crônicas.

Em uma pesquisa publicada em 2018 com objetivo de comparar os efeitos medicinais da maconha e medicamentos tradicionais no tratamento de dores crônicas, foi demonstrado que os canabinóides foram 40% mais eficientes para a redução da dor do que a medicação tradicional.

Cancêr

Pacientes diagnosticados com câncer, geralmente são submetidos a inúmeras sessões de quimioterapia. O THC é muito eficiente no tratamento dos efeitos colaterais mais comuns causados por essas sessões, que incluem: náuseas, vômitos, tonturas, fraquezas e falta de apetite.

Em estudos envolvendo a comparação do uso de canabinóides e placebo para a diminuição das náuseas e vômitos causados pela quimioterapia, 6462 participantes foram avaliados, e muitos demonstraram melhora significativa em termos de diminuição dos sintomas.

Neste estudo, foi possível perceber uma melhora significativa no tratamento das náuseas e vômitos, mas já para as tonturas e fraquezas a maconha medicinal não se mostrou tão eficiente.

No entanto, a melhoria na qualidade de vida dos pacientes submetidos ao experimento foi excelente, o que nos permite afirmar que a maconha medicinal pode ser recomendada para o alívio de sintomas no tratamento de câncer.

Esclerose múltipla

O nabiximol, medicamento feito com base nos canabinóides THC e CBD vem sendo utilizado no tratamento dos sintomas da esclerose múltipla. O medicamento tem propriedades anti-inflamatórias que é característica dos canabinóides e que são de grande auxílio para o tratamento de doenças autoimunes, como é o caso da esclerose.

Sua efetividade foi comprovada em estudos que encontraram evidências da melhora do quadro sintomático dos pacientes portadores da doença, ocorreu uma diminuição da severidade dos sintomas, que incluem: espasmos musculares, dores, tremores e rigidez.

Distúrbios do sono

O dronabinol, feito à base de THC, se mostrou muito eficiente para o tratamento de distúrbios do sono quando comparado com o placebo em uma pesquisa. O uso de Cannabis contribui para noites melhores de sono, fazendo com que a pessoa fique mais relaxada, esqueça seus problemas e possa dormir com tranquilidade.

Aumento do apetite e ganho de peso

Pesquisas sobre os efeitos dos canabinóides em pacientes portadores do vírus HIV mostraram que um dos efeitos da maconha medicinal foi o aumento do apetite e consequente ganho de peso.

O tratamento com CBD contribui para um organismo mais bem preparado e capaz de suportar os diferentes coquetéis de medicação que são receitados para o controle do vírus no organismo.

Síndrome de Tourette

Em um estudo realizado em 2013, foram avaliados 36 pacientes que receberam 10mg de THC ou placebo por 6 semanas. A severidade dos sintomas reduziu significativamente no decorrer das semanas.

Dessa forma, o uso terapêutico de Cannabis se mostrou eficiente para aliviar sintomas causados pela síndrome de Tourette. Os sintomas mais comuns são: o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), distúrbios do sono, ansiedade e depressão.

Glaucoma

O uso da maconha tem se mostrado eficiente para o tratamento das diversas doenças do globo ocular que podem causar cegueira. Em pesquisas, o seu uso foi satisfatório por causar uma diminuição na pressão do globo ocular, amenizando os sintomas da doença.

Epilepsia

Muitos estudos vêm demonstrando a grande aplicabilidade da Cannabis medicinal para epilepsia. O CBD é excelente composto para controlar as convulsões causadas pelas crises epiléticas. Este estudo, realizado em 2016, reportou uma diminuição nas crises de convulsão em crianças tratadas com doses variando de 1 a 20mg de CBD/kg.

Neste outro estudo realizado, pacientes receberam de 2 a 5 mg/kg de CBD durante um mês, a resposta foi positiva e houve uma diminuição nas crises de convulsão.

Muitos pacientes com epilepsia têm trocado os medicamentos convencionais por tratamentos alternativos. Existem alguns casos que só o CBD foi capaz de amenizar as crises epilépticas e em outros fez com que elas parassem.

Agora que já sabemos os diferentes benefícios e usos da maconha medicinal, vamos entender como o tratamento pode ser feito no Brasil.

A atual situação do uso da maconha medicinal no Brasil

Muitos países estão à frente do Brasil quando se fala na regulamentação do uso da maconha para fins medicinais. A medicina canábica no Uruguai, por exemplo, já é realidade há quase uma década.

A liberação do uso traz muitos benefícios para as pessoas que dependem do princípio ativo para o tratamento de alguma doença e também encoraja o desenvolvimento de novos estudos para um melhor entendimento dos efeitos da maconha no nosso organismo.

Em janeiro de 2014 a ANVISA realizou a 1ª Reunião Pública da Diretoria Colegiada que abordava a reclassificação do canabinóide Canabidiol (CBD), previsto na portaria 344/98 de controle especial.

O resultado dessa reunião foi a aprovação, por unanimidade, da classificação do CBD para lista C1, ou seja, retirando essa substância da lista dos proscritos, e entrando para a lista do controle especial para importação.

Embora a decisão tenha sido austera, esse foi o primeiro passo para que a importação de produtos para aqueles que necessitam fosse legalizada no Brasil.
No mesmo ano de 2014, o Plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou o uso de canabidiol (CBD), autorizando a prescrição de medicamentos deste tipo e possibilitando, finalmente, as importações.

No mesmo ano, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou um projeto de pesquisa sobre o uso de Cannabis sativa medicinal. O projeto surgiu especialmente devido à demanda de mães de crianças com epilepsia refratária, a qual geralmente é uma condição resistente aos tratamentos convencionais. Isso significa que essas crianças medicadas convencionalmente não apresentam melhoras, ou até mesmo possuem efeitos colaterais e crises severas de convulsão.

O coordenador executivo do programa de drogas da Fiocruz ainda afirma que a fundação entendeu que essa e outras demandas sobre a maconha medicinal são de extrema relevância, com cada vez mais evidências de outras aplicações para o uso da planta.

A princípio o projeto seria para a produção de um extrato para o tratamento de epilepsia, com orçamento inicial de R$ 3,4 milhões, aguardando a regulamentação da ANVISA.

Em 2015 tivemos um grande marco na luta pela legalização da maconha medicinal no Brasil, a importação de produtos à base de Cannabis foi liberada em território nacional. Nos primeiros três anos da regulamentação da cannabis medicinal no Brasil, estima-se que 78 mil desses medicamentos, prescritos por mais de 800 médicos, foram importados. No total a ANVISA 4.617 concedeu autorizações.

O avanço da maconha medicinal no Brasil não para por aí! Em 2019 foi aprovada no Senado Federal a Sugestão de lei SUG 6/2016 que regulamenta a produção, distribuição e venda de cannabis medicinal. Já em 2020, as universidades federais foram autorizadas a cultivar maconha para fins de pesquisa.

Atualmente temos importantes associações como a Abrace, AME + ME, Apepi e Cannab, formadas inicialmente por famílias buscando um novo tratamento para os filhos com epilpsia, agora é formada por diversas pessoas que têm o mesmo propósito de obter medicamentos à base de cannabis e lutam para conseguir extrair a medicina da planta ainda ilegal.

Essas associações, lutam por uma nova legislação e tem em seu cerne a desobediência civil pacífica, em outras palavras, uma desobediência na prática do proibicionismo para que aconteça uma mudança nas leis. Com o crescimento da associação, muitos pacientes conseguiram Habeas Corpus para o plantio de cannabis medicinal no Brasil.

Em 2016, uma outra vitória para os que lutam pela liberação do uso medicinal, foi a regulamentação dos remédios à base de THC e a concessão de licenças para que algumas famílias pudessem cultivar a planta em casa e realizarem a extração caseira do óleo para uso medicinal.

Já em 2017, foi registrado no Brasil o primeiro remédio a base de Cannabis, destinado a pacientes com esclerose múltipla. Como resultado, a maconha acabou sendo incluída na lista de plantas medicinais da ANVISA destinadas à produção de medicamentos de uso controlado.

Em 2019, a sugestão de lei de 2016, SUG 6/2016 foi aprovada no Senado Federal do Brasil. Essa lei regulamenta a produção, distribuição e venda da Cannabis Medicinal. Já em 2020 a justiça autoriza universidades federais a cultivarem maconha.

A luta pela legalização da maconha medicinal no Brasil segue viva e no começo de 2021 tivemos um novo marco histórico: o primeiro habeas corpus coletivo do país foi dado para uma associação, a Cultive, plantar cannabis para os seus membros.

É inegável o avanço da legislação brasileira sobre Cannabis, principalmente quanto ao uso medicinal, mas ainda existem desafios.

Nesse sentido, alguns estudos científicos afirmam que é nítida a urgência na condução de estudos clínicos sobre o tema, visto que as perspectivas científicas apontam os derivados da maconha como uma opção de tratamento, melhorando a qualidade de vida e proporcionando finais de vida mais dignos para alguns pacientes.

Alguns obstáculos que envolvem o uso medicinal no Brasil

  1. A maconha ainda é considerada como um tipo de droga ilícita;
  2. Falta de apoio político para melhorar as discussões;
  3. Projetos envolvendo a Cannabis  demoram a ser discutidos e votados;
  4. Existem limitações para desenvolvimento científico;
  5. Ainda existe resistência e preconceito por parte da sociedade e comunidade de médicos que temem ser julgados por prescreverem remédios à base de Cannabis.
  6. A exportação do óleo de CBD é muito caro e acaba sendo uma barreira para a maioria das famílias do Brasil.

Como solicitar o uso de maconha medicinal no Brasil

Em outros países, como Estados Unidos, os pacientes que fazem uso de Cannabis possuem um cartão, precisando de alguns documentos e autorizações para isso.

No Brasil não temos um cartão, sendo que para o uso do Mevatyl só é necessário a apresentação de uma receita médica.

remedio com cbd no Brasil

O medicamento foi aprovado em janeiro de 2017, sendo que uma caixa contém 3 frascos de spray com 10ml. O produto possui quantidades iguais (1:1) de THC e CBD, substâncias provenientes da cannabis com efeito medicinal eficiente e cientificamente comprovado.

O remédio é um marco para o país, já que apenas esse produto à base de cannabis obteve o registro aprovado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O Brasil importa o Mevatyl, já que o mesmo é fabricado no Reino Unido pela GW Pharma Limited e registrado no Brasil pela empresa Beaufour Ipsen Farmacêutica Ltda.

No entanto, o Mevatyl só trata a esclerose múltipla e não outras doenças que são elegíveis para a maconha medicinal, como câncer, dor crônica ou epilepsia.

Assim, para qualquer outro medicamento, que precisará ser importado, são necessários processos de autorização. Nesse conteúdo explicamos o processo completo e de forma detalhada de como comprar maconha medicinal no Brasil.

Desse modo, você primeiro precisará além da receita médica, os seguintes documentos para sua inscrição na ANVISA:

  • Laudo de um médico especializado;
  • Prescrição para produto à base de cannabis;
  • RG e CPF;
  • Comprovante de residência;
  • Declaração de Responsabilidade e Esclarecimento;
  • Você precisará também especificar o medicamento à base de Cannabis que pretende importar.

Com os documentos em mãos, o pedido de autorização pode ser feito através do Portal do Cidadão e demora até 30 dias.

Mas fique atento, pois o Brasil só aceita 11 tipos de medicamentos à base de Cannabis. Caso você esteja interessado em comprar medicamentos não permitidos, a ANVISA poderá considerar o avaliar o pedido. Se aprovados esses pedidos, a ANVISA vai notificá-lo para fornecer informações adicionais para importação e obtenção do produto.

No entanto, é você que será responsável por garantir que a remessa do medicamento esteja de acordo com as regras e regulamentações dos países exportadores.

A boa notícia é que essas autorizações para a importação excepcional podem agora serem enviadas por e-mail, facilitando todo o processo.

Como renovar a autorização para uso de Cannabis medicinal

Para continuar adquirindo medicamentos à base de maconha, você deve apresentar uma receita válida através da ANVISA com sua autorização excepcional.

Para renovar, alguns passos serão necessários:

  • Um novo e atualizado relatório médico que detalha o impacto do medicamento à base de cannabis na sua condição;
  • Uma receita nova e revisada que mostra qualquer alteração na dosagem, quantidade ou tratamento;
  • Se você trocou de médico, também precisará fornecer uma nova Declaração de responsabilidade e esclarecimento;
  • Além disso, se as informações em seu formulário de importação e uso de produto tiverem sido alteradas, você também precisará incluir uma cópia atualizada disso

Alternativas à compra de medicamentos: Cultivo da cannabis para fins medicinais

Você já sabe que uma pessoa próxima, ou mesmo você, precisa do medicamento à base de Cannabis sativa. No entanto, quando chega a hora da compra, o susto: preços caríssimos.

Os valores começam em cerca de 70 doláres (R$ 350), sem contar as taxas de transporte e importação que não são nada baratas. O Mevatyl, que não precisa ser importado já que encontramos em algumas farmácias, não custará menos de R$ 2.896, por apenas uma caixa que contém três frascos de 10 ml.

O que fazer neste momento?

oleo de cannabis medicinal
(Fonte: BBC Brasil)

Como obter canabidol pelo SUS

O SUS é uma outra maneira para ter acesso ao canabidiol. O valor alto da importação é excludente e, assim como qualquer outro tipo de tratamento, deveria ser universal e gratuito. Por esse motivo, outra conquista da luta pela regulamentação da cannabis medicinal no Brasil é o fornecimento de medicamentos pelo SUS.

Assim como no caso da importação particular, para pedir o medicamento via SUS é preciso de um relatório médico detalhado que reforce a sua necessidade de utilizar o canabidiol para tratar a sua doença e também disserte sobre o seu estado de saúde.

Com um relatório médico detalhado comprovando a necessidade do medicamento e a urgência em usar, é possível viabilizar o fornecimento em 48h, por meio de uma decisão liminar.

Para conseguir a liminar é necessário demonstrar a probabilidade do direito da pessoa em conseguir o canabidiol, que será evidenciada pelos documentos apresentados ao juiz. Ou seja, é necessário provar a necessidade do uso do Canabidiol via relatório médico e também que o paciente não tem como arcar com tal medicamento.

Outro caminho para conseguir a liminar é demonstrar que o paciente corre risco ao aguardar o processo finalizar para viabilizar tal medicamento.

Esperamos que o SUS consiga suprir a necessidade de todos aqueles que necessitam fazer uso de canabidiol, tornando o CBD um remédio acessível para toda a população. Outra forma de tornar o CBD mais barato ou gratuito seria através da regulamentação do plantio para o estabelecimento de produção nacional de medicamentos de qualidade e mais acessíveis.

E é nesse sentido que a pesquisa e produção de produtos brasileiros começam a surgir.

Extração caseira do óleo de maconha medicinal

Alguns pacientes, que assim como os membros das associações optaram pela desobediência civil, também conseguiram uma autorização judicial para o plantio e extração da Cannabis medicinal.

Um exemplo disso é o caso da Justiça Federal do Rio Grande do Norte que liberou em 2018 um habeas corpus preventivo a uma mulher para importar sementes para cultivo de Cannabis para fim medicinal.

O juiz desta decisão, Walter Nunes da Silva Júnior, até mesmo questionou o artigo 28 da Lei das Drogas, que criminaliza o porte de drogas, afirmando que a lei em questão criminaliza uma conduta que não causa lesão à outros.

Infelizmente esse número de aprovações é pequeno, sendo enorme a diferença entre a demanda de ações judiciais e as permissões realmente concedidas pela ANVISA.

A alta demanda, juntamente com as evidências de ótimos resultados no tratamento de diversas doenças, ajudam a fomentar as discussões em torno do assunto, fazendo com que o governo entre mais em discussões sobre regulamentação da produção e comércio de Cannabis sativa.

“Há enorme demanda por esses produtos no Brasil e as pessoas que deles dependem não podem ficar sujeitas às restrições e ao custo da importação”.

Gabriel Elias, coordenador de Relações Institucionais da PBPD

Ainda que o número de habeas corpus para a fabricação caseira do óleo de maconha medicinal, o cultivo da maconha, continua sendo uma alternativa viável para a produção e extração da cannabis medicinal.

Futuro próximo: Produtos brasileiros medicinais a base de cannabis Sativa

A  Entourage Phytolab concluiu o desenvolvimento de um produto que provavelmente será o primeiro medicamento à base de Cannabis sativa produzido no Brasil.

O produto é um extrato da planta padronizado e rico em canabidiol, com indicação para a epilepsia refratária. Agora o medicamento entra na fase de teste em humanos. Ainda não há previsão de quando será vendido nas farmácias.

Além disso, o medicamento está sendo desenvolvido com apoio de pesquisas realizadas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A atual situação do uso medicinal da maconha ao redor do mundo

Muitos países aderiram ao uso de maconha medicinal como uma alternativa menos drástica para o tratamento de doenças, o uso da maconha veio para suprir uma demanda por algo mais próximo do natural, que fosse diferente das drogas convencionais e que ainda trouxesse melhorias significativas na vida dos pacientes.

Os resultados superaram as expectativas e a adesão ao uso da maconha medicinal tem aumentado com o passar do tempo, fato que contribuiu para alavancar o debate e diminuir o preconceito com relação a seu uso. Veja abaixo alguns países em que o uso medicinal da maconha foi muito bem aceito:

Israel

O país que foi precursor na regularização, em 1993 liberou o uso medicinal da maconha para o tratamento de inúmeras doenças. O instituto Israelita iCAN é referência em estudos envolvendo a cannabis e desenvolve pesquisa há mais de 30 anos.

A regulamentação trouxe impactos positivos no avanço científico do país em relação à cultura da Cannabis,  e hoje em dia, o país é referência na produção de estudos e desenvolvimento de novas tecnologias.

Canadá

O Canadá regulamentou o uso medicinal em 1999, e desde então a expansão do mercado canábico no país foi incrível. Já são mais de 240 mil pessoas registradas que fazem o uso da planta para fins terapêuticos.

O mercado medicinal de maconha tem movimentado cerca de 5 bilhões de dólares anuais, e agora o país se prepara para a regulamentação do uso recreativo.

EUA

Nos EUA, dos 50 estados, 37 já aprovam o uso medicinal da maconha. A mobilização da população americana perante os benefícios oriundos da Cannabis tem sido uma das causas para a recente expansão do seu uso medicinal.

Confira aqui a lista dos estados americanos que já regularizaram o uso da maconha.

Na Europa

Em muitos países da Europa o uso e venda da Cannabis Medicinal e de produtos como cremes e óleos de CBD já é uma realidade. O problema é que o limite de THC nos produtos é muito baixo e a combinação entre os dois tipos de canabinóides é muito importante.

Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária,Chipre, Letônia, Estônia, França, Grécia, Hungria, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Romênia, Eslovênia, Suécia,República Checa, Finlândia, Espanha, Itália, Portugal, Croácia, Irlanda, Polônia, Suíça, Espanha e Reino Unido autorizam o uso de óleos, cremes e medicamentos à base de CBD. Alguns países exigem prescrição de um médico, outros não. Já prescrição do Epidiolex para aliviar convulsões é liberada em todos os países membros da União Europeia. 

Apesar de alguns países descriminalizar o uso recreativo como é o caso de Áustria, Holanda, Espanha e Portugal, a regulamentação do mercado recreativo ainda tem um longo caminho a ser percorrido.

Na América latina

O Uruguai é referência e surge como um dos países com políticas governamentais mais eficientes em termos de regularização do uso medicinal da maconha. No Chile, desde 2016 o uso e comercialização de medicamentos está liberado, um dos únicos problemas é o custo extremamente alto das medicações.

Mais recentemente, Colômbia, Peru, Argentina e México aprovaram leis que regulamentam o tratamento de doenças com o uso da Cannabis.

Essa recente expansão da regulamentação nas Américas tem impactos benéficos nas discussões no Brasil, e já é possível observar uma mudança de opinião da população e uma diminuição no preconceito que envolve a regulamentação do uso de produtos à base de canabinoides.

Conclusão

A maconha ainda é mundialmente classificada como uma droga ilícita e o debate pela legalização, principalmente no Brasil, ainda é ofuscado por preconceitos. A proibição da maconha afeta projetos para obtenção da Cannabis medicinal e também avanços científicos sobre seus efeitos e riscos.

Por outro lado, já está claro que a cannabis medicinal é uma opção muito efetiva para o tratamento dos sintomas causados por inúmeras doenças. Por isso, a expectativa é que a discussão a respeito da regulamentação do uso e o incentivo a pesquisas envolvendo a maconha medicinal se intensifique no Brasil.

Dessa forma, com um olhar no futuro o potencial de alcance da maconha medicinal será muito maior e vai contemplar famílias que hoje não podem contar com o uso dos derivados da maconha medicinal.

A legalização do cultivo e venda da maconha medicinal, além de um acesso mais democratico por um preço justo, vai possibilitar avanços nos estudos em relação aos diferentes efeitos da Cannabis no Sistema Endocanabinóide e ao tratamento das doenças citadas ao longo deste texto.

E você, o que pensa sobre o uso medicinal da maconha? Você utilizaria algum medicamento à base de Cannabis? Gostou do texto? Tem alguma dúvida? Deixe seu comentário, podemos te ajudar!

FONTES

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https://www.eltonfernandes.com.br/canabidiol-sus