A gente já sabe que maconha não é só sobre ficar chapado. A Cannabis Medicinal tem propriedades medicinais muito valiosas para o tratamento de várias doenças, inclusive diabetes. Entenda como é feito o uso do CBD para diabetes.

Diabetes é uma síndrome metabólica que acontece pela falta de produção de insulina pelo pâncreas e/ou pela incapacidade da insulina de exercer adequadamente sua função, causando um aumento de açúcar no sangue. E mais uma, das inúmeras doenças que podem ser tratadas ou aliviadas com a Cannabis medicinal.

O Brasil é o 5º país em termos de incidência de diabetes no mundo. Em 2020, 16.8 milhões de brasileiros, adultos de 20 a 79 anos, viviam com a doença. Segundo a OMS os casos aumentaram em 61,8% entre os anos de 2008 e 2018 e continuam aumentando, não somente no Brasil e por isso a diabetes causa preocupações em escala mundial.

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes, são responsáveis por mais de 60% das mortes no Brasil e os maiores fatores de risco para o aumento da doença são o sedentarismo e a obesidade.

 A maconha é usada com fins medicinais no tratamento de várias doenças. Quanto mais pesquisas sobre Cannabis são feitas, mais propriedades terapêuticas da planta são descobertas. Atualmente já conhecemos a eficácia da maconha em tratamento para dores, espasmos musculares, epilepsia, esclerose múltipla e também para aliviar os efeitos colaterais dos tratamentos para câncer e HIV.

Hoje vamos falar sobre as propriedades da maconha que podem ser usadas no tratamento de diabetes. Por que utilizar maconha para controlar os sintomas de diabetes? Como o uso de maconha pode elevar a qualidade de vida dos portadores dessa doença?

São diversas as dúvidas que surgem quando se toca nesse tema. Ainda faltam informações e existe muito preconceito associado à Cannabis e ao estereótipo do tipo de pessoas que fazem uso da planta.

Dessa forma, neste texto iremos esclarecer quais são os pontos positivos ao utilizar um tratamento alternativo para diabetes até mesmo para quem não faz uso da maconha recreativa.

Tipos de diabetes e sintomas

Em primeiro lugar, devemos esclarecer os tipos de diabetes.

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, os tipos de diabetes podem ser diferenciados da seguinte maneira:

Diabetes tipo I – Caracterizado como uma doença autoimune, que ocorre destruição das células beta pancreáticas por anticorpos produzidos pelo organismo. Esta destruição acarreta a deficiência da produção de insulina.

Os sintomas incluem: fome excessiva, sede, diurese, emagrecimento, cansaço e fraqueza.

Esse tipo de diabetes costuma aparecer ainda na infância, pois é uma condição com a qual a pessoa já nasce. A causa da diabetes tipo I é desconhecida, mas genética e fatores ambientais são as causas mais consideradas. 

Diabetes tipo II – A insulina é produzida por células beta no pâncreas, mas há dificuldade em ser utilizada. É a chamada resistência à insulina.

A diabetes surge quando a insulina é produzida em maiores quantidades, mas mesmo assim não consegue manter os níveis de glicose normais. O açúcar não é carregado para o interior das células, ficando retido no sangue.

Essa forma da doença ocorre em 90% dos casos de pacientes diagnosticados, e além de altos níveis de glicose, também podem apresentar colesterol alto.

Estes incluem os mesmos sintomas citados para diabetes tipo I, além de infecções frequentes (bexiga, rins, pele), feridas que demoram a cicatrizar, alteração visual, formigamento nos pés, furúnculos, dentre outros. Os sintomas podem demorar a aparecer, podendo ser assintomática por algum tempo.

Uso da cannabis medicinal no tratamento de diabetes tipo I

O tipo I de diabetes exige o uso de insulina durante toda a vida do paciente. Isso porque o corpo não produz quantidade o suficiente de insulina, consequentemente, sobrecarrega o sangue e deixa as células sem glicose. Como o açúcar é a energia das células, é impossível viver sem insulina.

Para esses pacientes, não é possível substituir o tratamento com CBD para diabetes, entretanto o cannabidiol pode ser usado em conjunto da insulina e melhorar a qualidade de vida, pois o sistema endocanabinóide ajuda manter o corpo em equilíbrio e o CBD é um otimizador para esse sistema.

O uso do canabidiol para diabetes também ajuda a proteger o fígado da doença hepática gordurosa, uma consequência da diabetes, pois o corpo transforma o açúcar em excesso do sangue em gordura, que é mais estável para armazenamento, porém sobrecarrega o fígado  a longo prazo pode causar a tal doença. O CBD também funciona como um modulador, diminuindo a progressão da doença hepática e da diabetes.

Para a diabetes tipo II, a mais comum em 90% das pessoas que sofrem com a doença, o tratamento com a Cannabis medicinal pode ser mais efetivo. Vamos entender como funciona o tratamento com canabidiol para diabetes tipo II.

Uso da cannabis medicinal no tratamento de diabetes tipo II

A diabete tipo II anda lado a lado com a obesidade, tanto que uma dieta controlada e balanceada, somada com a realização de exercícios físicos são algumas das recomendações para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Uma série de estudos correlacionam o controle de peso e uso de canábis, já que em doses terapêuticas, é de grande utilidade no tratamento de pacientes obesos, com risco de diabetes, principalmente por causa de dois componentes : o Canabidiol (CBD) e o THCV (Tetrahydrocannabivarin).

Estes compostos influenciam no aumento do metabolismo e na redução do colesterol, tanto no sangue, quanto em alguns órgãos. Uma pesquisa realizada com ratos obesos, mostra que o uso do THCV influência na capacidade de diminuir os níveis de triglicerídeos no fígados dos ratos obesos.

Neste mesmo estudo, houve aumento da relação do HDL/LDL, o que significa que influenciou o aumento do bom colesterol.

Houve também a diminuição dos níveis de glicose no sangue analisados quando os ratos encontravam-se em jejum (controle de glicemia) e aumento da tolerância à glicose, referente à diminuição da resistência à insulina (característica de diabetes tipo 2).

A conclusão do artigo diz que o THCV pode ser utilizado para o controle de síndromes metabólicas ou em casos de diabete tipo 2, de maneira isolada ou combinada com tratamentos já existentes atualmente.

Sendo assim, o estudo comprova que maconha auxilia na redução da glicose em jejum, melhora a resistência à insulina e aumento do metabolismo, controlando o açúcar no sangue, contribuindo de maneira essencial no tratamento desse tipo de diabetes.

Outro artigo publicado nos EUA, relaciona a obesidade com o uso de Cannabis. Utilizando a maconha 3 vezes por semana, os usuário diminuem essas chances a um terço.

Parece controverso dizer que para usuários de maconha, as chances de obesidade diminuem, se for considerado o estímulo de apetite após seu uso. No entanto, o uso de Cannabis afeta o metabolismo de seus usuários, apresentando-se mais rápido e melhor do que não usuários, de acordo com um notícia publicada na CNN.

Outra descoberta envolve compostos como, CBD e THCV como os responsáveis por suprimir o efeito de apetite, já que estimulam e impulsionam o aumento do metabolismo. No entanto, este efeito dura apenas por um curto período de tempo.

Mesmo assim, é possível perceber o alto potencial dessa planta para trazer muitos benefícios no tratamento da diabetes, e melhora na qualidade de vida dos pacientes.

Os efeitos anti-inflamatórios da Maconha

Os efeitos anti-inflamatórios do uso da Cannabis já foram constatados e identificados em alguns estudos, mantendo a capacidade imunológica do organismo.

A inflamação do pâncreas ocorre na diabetes tipo I, também chamada de mellitus.

Um artigo publicado mostra que usuários de maconha apresentaram menores quantidades de Proteína C no organismo.Tal proteína está diretamente relacionada com inflamações de nível sistêmico.

O que significa que níveis baixos dessa proteína são mais desejáveis, indicando o poder anti-inflamatório da maconha.

“The American Alliance for Medical Cannabis”, sociedade americana de experts no uso medicinal da maconha, publicou o seguinte trecho de um artigo, também citado pelo growroom:

“Muitos canabinóides agem primariamente para inibir prostaglandinas e COX-2 (substâncias ligadas à inflamação de tecidos), providenciando ação antioxidante para salvar radicais livres, e inibindo macrófagos (relacionado ao efeito autoimune da doença) e TNF (também inflamatório). Isso tudo significa que a cannabis é um excelente anti-inflamatório que não apresenta os efeitos colaterais de esteróides (que os diabéticos precisam evitar) (…), como Vioxx.”

O que é neuropatia e como a cannabis medicinal pode ajudar?

A neuropatia é a complicação mais crônica e preocupante que pode afetar os diabéticos.

Também chamada de neuropatia periférica é a sensibilidade ou danos aos nervos periféricos, dificultando o mecanismo de carregar informações do cérebro às regiões periféricas e vice-versa, assim como sinais da medula espinhal para o restante do organismo.

Importante comentar que a falta de sensibilidade nessas regiões, especialmente dos pés, está diretamente ligada ao risco de amputação.

A causa desse quadro está diretamente relacionado a:

  • controle inadequado da glicose;
  • alto nível de triglicerídeos;
  • excesso de peso;
  • pressão alta;

Estas são algumas das causas mais importantes e já citamos como a maconha pode auxiliar no controle da obesidade, diminuição dos níveis de colesterol (gordura), triglicérides e controle de glicose no sangue.

Controlar as causas da neuropatia é mais um dado de como a maconha pode trazer benefícios diretamente conectados à diabetes, e que o uso do canabidiol pode sim, ser um tratamento alternativo, dentro de um conjunto de outros tratamentos, para melhorar a qualidade de vida dos portadores de diabetes.

Alguns sinais que indicam a progressão da neuropatia são diferentes tipos de dores, das contínuas e constantes, ao formigamento, até às dores de simplesmente encostar um braço ou apoiar as mãos nos pés, por exemplo. Pesquisas também demonstram como o uso de maconha pode aliviar as dores causadas, por diversas doenças, e dentre elas na diabetes. 

Além da neuropatia de membros, outro problema ocasionado pela doença são os problemas de visão avançando para a cegueira.

Um dado mostra que dentre portadores de diabetes tipo I, 90% apresentam problemas na visão, decorrente de morte de células nervosas da retina, ou neurodegeneração.

A cannabis apresenta um efeito neuroprotetor, mais conhecido por auxiliar no tratamento de crianças com epilepsia, por exemplo, em que as doses são prescritas por um óleo com uma quantidade conhecida de cannabidiol.

Dessa forma, o óleo de CBD para diabetes também pode auxiliar nos efeitos causados pela doença. O CBD, especialmente, dentre os diversos componentes da maconha, mostra-se como principal substância no combate à neurodegeneração e prevenção de cegueira, segundo estudo.

As pesquisas ainda são muito iniciais, e mais resultados devem ser publicados nos próximos anos, especialmente, alguns mais consistentes sobre qual é a melhor maneira de utilizar o CBD para diabetes.

O importante é que já existem evidências de que a Cannabis alivia e melhora distintos sintomas gerados pela doença e os benefícios do uso de CBD para diabetes tipo II são inúmeros.

Conclusão

As pesquisas quanto ao uso da maconha e seus benefícios no tratamento de diabetes cada vez mais evidenciam a influência de seus componentes no impacto sobre o nível de gordura no corpo, respostas à insulina, dentre diversos outros efeitos citados neste texto. 

As pesquisas ainda merecem maior atenção e divulgação para a sociedade, pois demonstram valor não apenas nos resultados, mas na desmistificação do uso dessa planta, que têm se mostrado muito valiosa.

No entanto, é de grande relevância lembrar que apenas fumar maconha não é sinal de que seus sintomas irão melhorar. O tratamento deve ser feito com as extrações medicinais da maconha, como os óleos de CBD ou outros remédios à base de CBD, THCV e THC.

No Brasil, as discussões na sociedade têm tido maior espaço, e muito além de considerar apenas seu uso recreacional, diversas notícias saem sobre os efeitos medicinais e cada vez mais pesquisas recebem apoio. Muitas associações e coletivos também estão lutando para uma regulamentação justa do uso da cannabis medicinal.

É muito importante conhecer maneiras alternativas de se tratar uma doença, não só para pacientes, como para a comunidade médica e científica, também. A importância em evidenciar uma nova classe terapêutica para o tratamento de uma doença crônica e que requer cuidado prolongado, seguro e eficaz, é muito grande.

O que você achou do texto? Já pesquisou sobre os efeitos benéficos da maconha na saúde humana? Conhece alguém que precisa da maconha para ter uma qualidade de vida melhor? Deixe nos comentários.

FONTES

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16400026/

https://www.diabetes.org.br/publico/complicacoes/neuropatia-diabetica

http://www.letfreedomgrow.com/cmu/diabetes_5.htm

https://bmjopen.bmj.com/content/2/1/e000494

https://www.telegraph.co.uk/news/science/science-news/9383640/Cannabis-could-be-used-to-treat-obesity-related-diseases.html

https://edition.cnn.com/2013/05/23/health/time-marijuana-diabetes/index.html

https://www.nature.com/articles/nutd20139.pdf

https://www.leafly.com/news/health/3-facts-about-cannabis-obesity-and-diabetes

https://www.minhavida.com.br/saude/temas/diabetes-tipo-2

https://www.endocrino.org.br/o-que-e-diabetes/

http://www.gruposaojosesaude.com.br/sedentarismo-aumentam-casos-de-diabetes/

https://eueabete.com.br/diabetes-no-brasil-e-no-mundo/

https://dailycbd.com/pt-br/condicoes/diabetes/