Conheça histórias de um dos maiores músicos do mundo Louis Armstrong e sua relação com a ganja.

Pelo lado do Jazz existem inúmeras histórias, pelo lado da Ganja outras tantas, juntando as duas podemos chegar a inúmeros paralelos que nos levam a Louis Armstrong, um dos maiores músicos da história do mundo.

Louis Armstrong é cantor, compositor, instrumentista, escritor, dramaturgo, ator, artista plástico e ativista político-social, é certamente uma das figuras mais influentes da história do Jazz.

Ele ganhou destaque nos anos 1920, um dos primeiros músicos afro-americanos a cruzar a linha da popularidade e influenciar não apenas a música, mas também a cultura popular em geral.

É fácil imaginar uma sala escura e esfumaçada, um salão tomado pelo Jazz e pela Ganja, é tão fácil imaginar isso como imaginar Louis Armstrong bem no meio. Louis experimentou a cannabis nos anos 20 e usou ao longo da sua carreira, incluindo antes de performances e gravações, ele se referia à cannabis carinhosamente como “Gage”.

Inclusive foi preso por estar fumando fora de um bar de Jazz em Los Angeles, passando nove dias na prisão.

O Nascimento da lenda Louis Armstrong

Nascido em 4 de agosto de 1900 em uma família pobre em Nova Orleans, o berço do Jazz, Armstrong cresceu em um bairro violento conhecido como “campo de batalha”. Abandonado pelo pai quando ainda era só uma criança, Armstrong foi criado por sua mãe que muitas vezes teve que recorrer à prostituição para manter a família.

Foi durante esses anos de formação que o jovem Louis foi apresentado pela primeira vez aos salões de dança, cheios de danças escandalosas, damas da noite e músicos de jazz.

Na sua adolescência o futuro músico era bastante energético e se envolvia em diversas situações. Em uma dessas “situações”, o jovem Louis atirou com uma pistola calibre 38 de seu padrasto para o ar na véspera de Ano Novo, o que lhe rendeu uma passagem pelo New Orleans Home for Colored Waifs, um centro de correção de jovens.

Mas foi lá que Armstrong conheceu a pessoa que mudaria sua vida: o professor Peter Davis, que ensinaria Louis Armstrong a tocar corneta e forneceria a instrução musical básica que alteraria o curso da música americana nas gerações vindouras.

A influência da cannabis na música de Louis Asmstrong

Louis Armstrong experimentou fumar pela primeira vez na década de 1920, gostou e fez uso ao longo de toda sua carreira, inclusive antes de apresentações e gravações, e se tornou um grande defensor da erva. Ele se referia à cannabis carinhosamente como “gage”, uma gíria comum da época.

Em sua biografia Armstrong relatou: “Esse era o nosso apelido bonitinho para maconha… Sempre olhamos para a maconha como uma espécie de remédio, e com pensamentos muito melhores do que aquele que está cheio de bebida.” Diz-se que a música instrumental de jazz “Muggles” foi influenciada pela cannabis.

Em uma entrevista Armstrong disse sobre a maconha: “Relaxa, faz você esquecer todas as coisas ruins que acontecem com um negro. Faz você se sentir desejado e, quando está com outro fumante de chá, sente uma afinidade especial.” Ele acreditava fortemente em seus benefícios para a saúde, bem como em sua capacidade de ajudá-lo a entrar mais na música e tocar melhor.

Nove dias de cadeira por fumar

Armstrong foi preso em novembro de 1930 enquanto fumava do lado de fora do Cotton Club em Culver City, Califórnia, com seu baterista Vic Berton. Ele descreveu o incidente para um biógrafo anos depois: “Vic e eu estávamos explodindo um baseado no lugar, dando muitas risadas e nos sentindo bem, curtindo a companhia um do outro. Nesse momento, dois caras grandes e saudáveis ​​[detetives] saíram de trás de um carro com indiferença e nos disseram: ‘Vamos cortar o barato, rapazes’”.

Armstrong recebeu uma sentença de seis meses que foi suspensa. Depois de nove dias, ele estava de volta ao coreto, pois felizmente, os detetives eram fãs da música de Armstrong e, embora ele tenha passado nove dias na cadeia da Cidade de Los Angeles, sua excursão à prisão só serviu para comprovar o seu amor pela planta.

Os efeitos posteriores de sua prisão por cannabis repercutiriam ao longo de sua carreira, mas raramente tiveram um impacto negativo. Em vez disso, Armstrong encontrou empatia entre seus companheiros de Jazz e com aqueles que sentiam uma afinidade semelhante pela “gage”.

Ao descrever um desses atos de empatia em Chicago, Armstrong lembrou: “A campainha tocou. Fui até a porta e encontrei um cara parado ali, apontando para quatro outros jovens saindo do carro. Esses garotos pegaram suas guitarras, ukes, e lamentaram por algum tempo com uma batida perfeita que me levantou lindamente. Então eles guardaram seus instrumentos e um deles sacou uma grande ‘bomba’ – ele acendeu, deu duas tragadas e olhou diretamente nos meus olhos enquanto passava para mim, dizendo ‘Pops, todos nós sentimos que você poderia fumar esse baseado depois de tudo o que você passou.’” Ele refletiu sobre o momento como sendo de alegria e inspiração. “Esse momento me ajudou a esquecer um monte de coisas ímpias.”

Nixon contrabandeou cannabis para Amrstrong

Existe uma história famosa envolvendo Richard Nixon, Maconha e Louis Armstrong.

Em 1953, ao aterrissar em solo americano vindo de um show no Japão, Louis encontrou Nixon, sendo muito seu fã Nixon usou de seus privilégios pegou as malas de Louis e zombou “Os embaixadores não precisam passar pela alfândega!”. Sem se dar conta, o então vice-presidente Nixon, contrabandeou 3 kg de Cannabis das malas de Louis para os EUA, ignorando totalmente a alfândega, contrabandeando cannabis para os Estados Unidos para Louis Armstrong.

Mais tarde, um assessor do Congresso chamado Charles McWhorter informou Nixon do acidente depois de ouvir a história dos músicos viajantes. Um Nixon surpreso exclamou: “Louis fuma maconha?”

A prisão de Lucille

Outro incidente na vida do músico com relação a ganja, foi a prisão da sua esposa Lucille por porte de um baseado e duas pontas, que incrivelmente pesaram 14,8 gramas.

A prisão levou Louis a escrever uma carta para seu empresário Joe Glaser, dizendo : “Senhor. Glaser, você deve fazer com que eu tenha permissão especial para fumar todos os cigarros que eu quiser quando eu quiser ou eu vou ter que largar essa p***, isso é tudo.”

Armstrong estava farto da proibição muito antes de a legalização ser considerada : “Posso garantir de bom grado, um bom e gordo bastão de ‘gage’, que relaxa meus nervos, se eu tiver algum… não posso me dar ao luxo de ficar… tenso, temendo que a qualquer minuto vou ser preso, levado para a cadeia por uma coisinha boba como maconha.”

O ativismo até o fim

Armstrong publicou uma biografia em 1954 intitulada Satchmo: My Life in New Orleans, mas seu empresário insistiu que a parte relacionada à maconha fosse suprimida, com uma possível continuação planejada algum dia que seria simplesmente chamada Gage, com a premissa de que todo este segundo livro “poderia ser sobre nada, a não ser sobre a gage”.

A continuação nunca foi publicada e afinidade de Armstrong com a maconha permaneceu um boato ao longo de sua carreira.

Nos meses que antecederam a sua morte em 1971, Armstrong finalmente concordou em sentar-se com os biógrafos Max Jones e John Chilton e “dizer como foi”.

“Como sempre costumávamos dizer, a gage é mais um remédio do que um narcótico. Mas com toda a ladainha acontecendo, ninguém podia fazer nada sobre isso. Afinal de contas, os víboras durante meus tempos áureos estavam com uma idade avançada – muito velhos para sofrer penalidades drásticas. Então tivemos que colocá-la no chão.

Mas se todos ficarmos tão velhos quanto Matusalém, nossas lembranças sempre serão de muita beleza e calor da gage”.

As penalidades para a maconha ilegal foram demais, mesmo para o lendário Louis Armstrong:

“Bem, essa foi a minha vida e eu não me sinto envergonhado. Mary Warner, querida, você com certeza foi boa e eu gostei muito de você. Mas o preço ficou um pouco alto demais para pagar. No começo, você era uma “contravenção”. Mas, com o passar dos anos, você foi perdendo o seu mero mau comportamento e obtendo um risco de prisão. Então, tchau tchau, vou ter que te colocar pra baixo, querida.”

No final, ele admitiu que eventualmente foi forçado a desistir da Cannabis, apesar de seus benefícios medicinais.