O Skunk é conhecido por muitos como uma maconha mais potente. Entenda porque esse termo está errado e o que significa de fato Skunk. Hoje em dia no Brasil, a maioria das pessoas chama qualquer maconha que não seja prensada de Skunk. Vamos começar o texto deixando bem claro para que não haja dúvidas: Nem toda maconha plantada é Skunk. 

Mas então, o que significa o termo Skunk?

O Skunk, na verdade, é uma strain de maconha, mas com calma, vamos explicar tudo para vocês! O que é skunk, quais são os efeitos do skunk e qual a diferença entre skunk e maconha. 

Para esclarecer tudo sobre o assunto, vamos antes ter que entender um pouco sobre as origens da palavra Skunk e também sobre quando o termo começou a ser usado para denominar strains de Cannabis.

Então se você já teve dúvidas sobre o que é significa Skunk e qual a diferença de Skunk e prensado, continue lendo o artigo e entenda tudo sobre o assunto!

Origem da palavra Skunk

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Foto: Marijuana Venture

Primeiro vamos dar um passinho atrás e conhecer a etimologia, ou seja, a origem da palavra.

A palavra Skunk, em inglês, significa gambá: O mamífero que ficou famoso em suas aparições em filmes e desenhos animados pelo seu mecanismo de defesa onde ele solta um líquido com o odor de fazer qualquer um chorar.

Quando as strains de Cannabis mais potentes surgiram na época de 70, o termo Skunk foi usado para descrever o cheiro destas variedades. Um cheiro “Skunky” se refere a um cheiro extremamente forte e pungente, que chega até a ser levemente ‘azedo’ e que a maioria dos usuários de Cannabis de longa data deve conhecer – provavelmente é um dos cheiros mais comumente associados à maconha.

A palavra Skunk então começou a ser usada para descrever o cheiro das strains de maconha que possuíam um odor muito característico – mas como esta terminologia evoluiu para o Skunk que conhecemos hoje no Brasil?

Por que o Skunk não é uma maconha mais forte?

Para a maioria dos fumantes brasileiros Skunk se tornou apenas uma palavra genérica para denominar maconha que não seja prensada.

Isso porque a política de drogas no Brasil dificulta muito o acesso à maconha de qualidade, a maioria da população só tem acesso a maconha prensada e a algumas outras strains. Por isso, tais strains que chegam em formato de flores e características como sabor e aroma do buds, são conhecidas como Skunk, Kunk, Kush ou “maconha mais forte”.

A generalização é incorreta, afinal, cada strain tem sua propriedade e não é uma maconha mais forte, é apenas uma das variedades da maconha. Chamar toda flor de Skunk também é um insulto à verdadeira identidade genética da planta, pois o verdadeiro Skunk é proveniente de uma linhagem de strain independente cujas origens datam da década de 1970.

O primeiro “Skunk” na história da Cannabis

Em 1970, growers começaram a fazer cruzamentos entre plantas de baixa estatura comumente usadas na produção de haxixe da região do Afeganistão e Paquistão com plantas dominantemente Sativas, de estatura e potência elevada, da região da América do Sul e Central e das regiões tropicais da Ásia.

As 3 strains que deram origem à Skunk#1 foram: Mexican Acapulco Gold, Afghani e a tão conhecida e amada por nós brasileiros: Colombian Gold.

primeiro kunk
Skunk#1 – Foto: SensiSeeds

Estes novos cruzamentos eram cultivados outdoor, em regiões de clima temperado, como o norte da Califórnia e em estufas Indoor na Holanda, com o uso de luzes HID.

Como resultado destes cruzamentos, uma genética estável foi criada e denominada Skunk#1: Uma variedade realmente estável e confiável que desde a sua criação nos meados de 1970 até hoje é uma das strains mais consistentes do mercado.

A strain original Skunk#1 era conhecida pelo seu cheiro extremamente forte, pungente e meio azedo, lembrando um pouco a potência do cheiro de um gambá, daí o nome Skunk surgiu e nunca mais perdeu o uso.

O Skunk # 1 é uma variedade híbrida que influenciou o cultivo de Cannabis em escala global, criando uma imensa variedade de cruzamentos. A strain foi desenvolvida no início dos anos 70 na Califórnia por um grupo de produtores e growers conhecidos como Sacred Seeds, liderados pelo mitológico David Watson, que é mais conhecido por seu apelido “Sam the Skunkman” ou “Sam o homem do Skunk”.

David Watson foi preso nos Estados Unidos por cultivar maconha. Assim que foi solto em 1982, o Skunkman se mudou para a Holanda levando diversos quilos de sementes da nova strain que havia criado. Não se sabe como David fez, mas alguns dizem que ele levou em média 250.000 sementes para a Holanda na época.

Quando chegou na Holanda, David se mudou para Amsterdã onde fundou a companhia de sementes Cultivators Choice. A partir desta época, growers holandeses refinaram e fizeram mais e mais cruzamentos entre as plantas e produziram um enorme número de novas strains que são referência no mercado de hoje, incluindo Jack Herer, Northern Lights e muitas outras.

Em 1988, a Skunk#1 venceu a Cannabis Cup e começou a ser vendida para bancos de sementes em toda a Holanda, se tornando a primeira linhagem híbrida comercial no mundo.

O Skunk na mídia

A maconha é a substância ilícita mais consumida no Brasil, segundo o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os dados apontam que 7,7% dos brasileiros de 12 a 65 anos já usaram maconha ao menos uma vez na vida.

Mesmo com tamanha popularidade, a maconha ainda é uma droga extremamente injustiçada pela mídia em geral, principalmente quando o assunto é algo mais específico como o Skunk.

Por muitas vezes vemos notícias que descrevem o Skunk como uma “Super Maconha”, algumas até inferindo que maconha e Skunk são uma droga completamente diferente. Isso é uma mentira, uma exageração para criar manchetes de impacto. O Skunk é simplesmente uma variedade de Cannabis desenvolvida para o cultivo Indoor, que produz plantas híbridas que possuem um tempo de floração menor que o comum e um cheiro forte, pungente e azedo muito característico.

skunk na mídia
Foto: Leafly

Segundo a associação DrugWise, a maconha tradicional contém de 2 a 4% de THC, com variedades mais potentes variando de 10-14%. Variedades híbridas de Skunk podem variar de 15-30% de THC.

Estes números nos mostram que afirmações sensacionalistas da mídia que falam que o Skunk é uma super maconha, que chega a ser 20-30 vezes mais potente que a maconha tradicional, são simplesmente ultrajantes.

Vamos tirar de exemplo duas notícias, uma internacional e uma nacional, para mostrar como a mídia distorce informações para criar manchetes sensacionalistas e ganhar visibilidade às custas da desinformação da população.

A primeira é um artigo do The Sun, cuja manchete é “Cientistas alertam que fumar Skunk destrói seu cérebro”. O estudo mostrado na reportagem descobriu que usuários de Skunk passam por mudanças estruturais no corpo caloso do cérebro. O problema é que este tipo de estudo não consegue provar causa e efeito, apenas sugere que pode haver uma relação entre as duas coisas. Além disso, a pesquisa não examinou como as pequenas alterações no cérebro associadas ao Skunk afetam os pensamentos ou outro funcionamento do cérebro, por isso não é justo dizer que o Skunk “destrói” o cérebro.

O que este estudo não nos diz é se essas mudanças estruturais causam algum dano ou causam efeitos negativos à saúde mental, e é por isso que a manchete do The Sun é sensacionalista.

O estudo em questão não foi projetado para analisar o efeito do Skunk em doenças de saúde mental, apenas pequenas alterações na estrutura do cérebro, por isso nos diz pouco sobre a ligação entre o uso de cannabis e o desenvolvimento de uma doença de saúde mental. Obviamente, causa e efeito não podem ser confirmados com um estudo como este. Por definição, o único tipo de conexão aqui é uma correlação, e a correlação não é necessariamente igual à causalidade.

O segundo artigo que vamos falar sobre é de uma notícia do site G1, cuja manchete é “Maconha mais potente triplica risco de psicose, diz estudo”. Porém, no estudo que eles citam, existem diversos pormenores que não permitem que esta afirmação seja feita. Enquanto Sir Robin Murray, professor de pesquisa psiquiátrica no King’s College London, não descarta totalmente as descobertas, ele alerta que o estudo não fornece uma conexão concreta entre as duas coisas.

A pesquisa tem muitas falhas, como é de se esperar de um projeto de controle de caso, onde é sempre difícil contabilizar variáveis ​​externas. Como já dito antes, a correlação não é igual à causalidade, então estas descobertas têm de ser analisadas minuciosamente antes de se fazer qualquer afirmação.

Um dos problemas da pesquisa é que o uso de Skunk e maconha na pesquisa foi relatado pelos próprios pacientes – os participantes sabiam o que estavam fumando, porém é impossível saber os reais níveis de THC e CBD do que estavam consumindo. Idealmente, as amostras teriam sido coletadas e os níveis de canabinóides avaliados, mas isso não é prático em estudos desse tamanho.

Isso significa que os pesquisadores tiveram de confiar nos próprios pacientes para julgarem quantas vezes eles fumavam, quanto eles fumavam e, mais importante, o que eles fumavam. Um relatório mais refinado e próximo da realidade teria sido obtido se fossem feitos exames e análises sanguíneas para determinar os reais níveis de canabinóides dos pacientes.

O problema com o termo “Skunk” é que ele é extremamente impreciso. Generalizando, ele diz respeito às variedades de maconha mais potentes, porém a falta de informação sobre o produto que está sendo consumido faz com que ele seja um termo muito amplo e que pode ser usado de diversas maneiras dependendo da pessoa e contexto.

Resumindo: O que é o Skunk?

Aprendemos neste artigo que a palavra Skunk começou a ser usada para descrever o cheiro das variedades híbridas de Cannabis que surgiram na década de 70.

o que significa kunk
Candy Skunk – Foto: Herb

Depois disso, o Skunk#1 se tornou uma verdadeira strain “pedigree” no mundo da Cannabis. A primeira strain híbrida comercial do mundo se popularizou e exerceu influência ao longo das décadas se tornando uma das mais famosas e emblemáticas da história da maconha.

Se nos Estados Unidos Skunk é um termo usado para descrever um cheiro, porque no Brasil e em outros diversos lugares do mundo o termo é usado para descrever maconha de alta potência? Esta ambiguidade é proveniente da falta de informação. No Brasil principalmente, a falta de informação sobre a identificação de genéticas e strains é tão grande que o termo “Skunk” se tornou um conveniente atalho para nomear qualquer maconha que não seja prensada, o que é errado.

No final das contas, o termo Skunk surgiu como um adjetivo para indicar o odor de uma planta, mas com a evolução das strains de Cannabis durante as décadas e a imensa influência que o Skunk#1 teve neste crescimento, o termo Skunk hoje em dia deve ser usado para descrever strains de maconha híbridas, de alta potência, adaptadas para o cultivo Indoor e com tempo de floração menor que o comum. Se quisermos realmente nos mantermos fiéis ao termo, ele deveria ser usado apenas para linhagens provenientes da genética Skunk#1.

Conclusão

A verdade é que a proibição da maconha não faz com que pessoas parem de fumar, ela apenas faz com que os consumidores estejam mais sujeitos aos perigos de um produto inferior sem controle de qualidade, sem liberdade de escolha do consumidor e sem testes ou dados concretos sobre genéticas e concentração de canabinóides.

Infelizmente, os ativistas anti-maconha fazem todo o tipo de malabarismo para manter a população desinformada e o termo Skunk é um alvo fácil e conveniente para manipular os menos informados dizendo que uma “Super Maconha” está causando danos à sociedade.

O termo Skunk nos leva a um problema muito maior: É um termo geral que mascara uma escassez de conhecimento como consequência da proibição. Como sempre, a solução correta é levar à população informações mais precisas, e não termos genéricos, que leve à criação de consumidores e usuários bem informados e seguros do que estão consumindo.

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