No mundo da cannabis medicinal, muitos já ouviram falar dos famosos canabinóides, como o THC e o CBD. Mas há um composto menos conhecido que está ganhando destaque: o Linalol. Tradicionalmente, os terpenos, aqueles compostos aromáticos que dão personalidade à cannabis, eram vistos apenas como responsáveis por um aroma e sabor agradáveis. No entanto, a ciência moderna desvendou os segredos dessas moléculas, revelando que elas não só aprimoram os benefícios da cannabis, mas também têm o poder de ajustar o funcionamento dos canabinóides em nosso cérebro e corpo.

Uma história perfumada com linalol

Esse terpeno que está ganhando destaque empresta seu aroma a diversas espécies botânicas, presente em plantas como erva-cidreira e manjericão. 

É ele o responsável por aquele aroma marcante de lavanda, com toque picante e pode ser sentido em mais de 200 tipos de plantas. Surpreendentemente, mesmo aqueles que nunca tocaram na cannabis consomem, em média, mais de dois gramas de linalol por ano através de alimentos comuns, incluindo frutas e especiarias. 

A história do linalol começa em 1903, quando dois cientistas alemães, Tiemann e Krüger, isolaram pela primeira vez o composto a partir do óleo essencial de lavanda. Eles nomearam essa substância de “linalool”, derivada do latim “linaloe”, uma resina aromática de uma árvore do Oriente Médio.

Desde então, o linalol vem ganhando destaque entre os terpenos, não apenas por seu aroma atraente, mas também por suas propriedades terapêuticas. Ele é conhecido por suas notas florais, com um toque de leveza e frescor que o tornam um dos terpenos mais apreciados.

O terpeno do bem-estar

Agora, você pode estar se perguntando se ingerir todo esse linalol é seguro. A boa notícia é que sim! Ao contrário de alguns canabinóides, que podem fazer moradia nos seus tecidos adiposos, o linalol é um visitante educado que não fica por muito tempo. Não se acumula, não causa preocupações excessivas e, ao contrário de alguns convidados indesejados, não deixa ressaca.

Mas o terpeno não é apenas um convidado seguro; ele é também o life of the party quando se trata de aroma. Pesquisas sugerem que o seu olfato está diretamente ligado aos centros de emoção e memória no cérebro, ou seja, aquele cheirinho de lavanda tem o poder de te mandar direto para uma nuvem de bem-estar!

 E os benefícios não param por aí!  Estudos mais recentes indicam que os terpenos, incluindo o linalol, podem influenciar diretamente o funcionamento do cérebro, ajustando o comportamento das células cerebrais.

Isso que é benefícios, não? Listamos abaixo alguns dos principais efeitos terapêuticos que o linalol pode exercer em nosso corpo. 

O Poder Terapêutico do Linalol

Propriedades Antimicrobianas

Uma das qualidades notáveis do linalol é sua natureza antimicrobiana, que serve como um mecanismo de defesa natural para as plantas contra insetos. Curiosamente, essa propriedade despertou o interesse de pesquisadores que exploram suas possíveis aplicações terapêuticas no combate a bactérias nocivas que podem danificar as células. Embora seu uso histórico como um antibiótico permaneça incerto, seus atributos antimicrobianos continuam sendo objeto de estudo.

Alívio do Estresse e Fortalecimento da Imunidade

O linalol também exerce um papel fundamental no fortalecimento do sistema imunológico contra os efeitos destrutivos do estresse. O estresse provoca alterações na distribuição das células sanguíneas brancas no corpo, com uma diminuição das porcentagens de linfócitos e um aumento de neutrófilos. 

No entanto, estudos realizados em ratos demonstraram que o linalol preveniu essa mudança, evitando, por consequência, as alterações induzidas pelo estresse na expressão do DNA dos ratos. Curiosamente, os pesquisadores argumentaram que essa proteção foi mediada pela capacidade do linalol de ativar a resposta parassimpática do corpo, que entra em ação quando estamos em estado de repouso e digestão.

Sedativo e Redutor de Ansiedade

Frequentemente encontrado na forma de óleo essencial de lavanda ou em partes de plantas como os caules e folhas de amendoim, esse composto demonstrou ser eficaz como sedativo e relaxante muscular, além de apresentar propriedades anticonvulsivantes e anti epilépticas.

Linalol e o tratamento para depressão

Estudos comprovam que a exposição de camundongos aos vapores de linalol resulta em níveis reduzidos de ansiedade e comportamentos semelhantes à depressão. Em experimentos, os camundongos expostos ao linalol passaram mais tempo em ambientes que induziam medo e continuaram a trabalhar para escapar de situações aparentemente sem esperança.

 Além disso, em estudos humanos que examinaram os efeitos terapêuticos do óleo essencial de lavanda, cujo principal composto é o linalol, houve uma efetiva diminuição das pontuações dos participantes na Escala de Avaliação de Ansiedade de Hamilton.

Linalol no auxílio no tratamento da Doença de Alzheimer

Um dos aspectos mais promissores no uso terapêutico do linalol é o seu crescente potencial como tratamento inovador para o Alzheimer, devido à sua capacidade de reduzir e regular a produção de proteínas inflamatórias no cérebro. A Doença de Alzheimer é uma condição progressiva, atualmente irreversível e sem cura, causada pelo acúmulo de placas cerebrais e emaranhados celulares resultantes na degeneração cerebral.

Essa degeneração provoca graves deficiências de memória e cognição, e as estratégias de tratamento atuais para a Doença de Alzheimer têm se mostrado amplamente ineficazes na recuperação da função. Um estudo promissor de 2016 aponta o linalol como um possível tratamento para a Doença de Alzheimer. Em um modelo de camundongo geneticamente predisposto, o linalol reverteu muitos dos prejuízos comportamentais e cognitivos associados à doença.

 Além disso, reduziu a quantidade de placas cerebrais e emaranhados celulares que caracterizam a doença e contribuem para a degeneração cerebral.

Conclusão

Sabemos que muitas plantas oferecem o linalol, sendo usual essa combinação vir acompanhada de muita cura! Mas afinal, quais plantas abrigam esse composto e como podemos aproveitar seus benefícios aromáticos e terapêuticos?