Caras leitoras e leitores, apresento a vocês alguns pontos que costuram essa relação tão ancestral entre Maconha e Maternidade. O que a Maconha e a Maternidade têm em comum? Me acompanhem nas próximas linhas que vou dichavar algumas questões. Maconha e Maternidade são assuntos que combinam mais do que podemos imaginar. E sua relação é tão antiga que elas sem dúvidas poderiam cantar o refrão do Raul Seixas, “eu nasci, há dez mil anos atrás e não tem nada neste mundo que eu não saiba demais” que não seria exagero. 

Maternidade e a maconha

A maconha é uma planta de poder e com múltiplas potências. A mulher é capaz de gerar uma vida e alimentá-lo com seu próprio corpo. A maconha e a Maternidade revelam um poder comum: o poder de criar. O poder da criatividade. Se sozinhas elas já são poderosas, imaginem juntas? 

Talvez, muitos de nós não tenhamos capacidade de imaginar alguma relação entre Maconha e Maternidade porque no meio do caminho houve o proibicionismo que criminaliza a planta e quem a cultiva, a consagra. Independente do uso e do contexto, cultivar e usar a planta, significa enfrentar uma guerra. Falar sobre também. Estudar sobre também. 

Estima-se que o ser humano usa a maconha há mais de cinco mil anos. A proibição da maconha no Brasil tem quase um século, mas os danos que o Proibicionismo provoca são irreparáveis.

Há um enorme tabu quando se trata do assunto Maconha e Maternidade, como se simplesmente não existisse nenhuma relação e suas demandas sequer são conhecidas. Devemos considerar isso grave e vou explicar porque. 

E a conexão entre o uso de cannabis e a experiência da maternidade?

A leitora e o leitor devem estar se perguntando. Pois, eu vos digo que poderia falar linhas e linhas de como a maconha foi utilizada por parteiras em trabalhos de partos. Podemos falar sobre as mulheres agricultoras que cultivam a maconha e fazem extrações, pomadas, óleos, etc., ou ainda das mães que através da observação, experimentação e compartilhamento, aprenderam sobre os diversos benefícios da maconha para a saúde ginecológica. Podemos falar sobre as mães que lutam pela legalização da maconha para ter o direito de cultivar o próprio remédio para seus filhos que sofrem de alguma patologia que pode ser tratada com a maconha. Podemos falar das mães que usam a maconha para a manutenção de sua saúde mental. Podemos falar das mães que perdem seus filhos na guerra às drogas. Podemos falar das mães que estão presas porque sua única opção de fonte de renda foi o tráfico. Podemos falar das mães que perdem a guarda de seus filhos apenas por produzirem conteúdo canábico na internet. Podemos falar das mães que perdem a guarda de seus filhos por serem usuárias da maconha. 

Podemos e vamos falar de muita coisa. Aos poucos, o debate sobre Maternidade e Maconha vem ganhando espaço, principalmente entre a cena canábica. E podemos perceber o quão o proibicionismo afeta a construção deste debate sobre Maternidade e Maconha, pois, junto do proibicionismo vem o patriarcado. A imagem da mãe sagrada e que se anula para a família, não combina com a Maconha. A mãe que não tem prazer, não goza, não pensa por si só. A maconha e a mãe, são as Marias Proibidas

Como vamos ter acesso à verdade sobre os benefícios e os malefícios da maconha se a proibição da mesma impede que tenhamos pesquisas?

Como vamos saber quantas gestantes e lactantes fazem uso da maconha, se elas têm receio de revelar o uso? E se não sabemos quem usa, quantas usam, como usam, o contexto, como podemos elaborar estudos com evidências científicas para nos aproximar da verdade? 

Romper o tabu sobre Maternidade e Maconha é urgente e necessário para que possamos sobretudo ter acesso à verdade. Para o bem estar social, é direito nosso termos informações seguras com evidências científicas. 

A relação entre Maternidade e Maconha deve ser explorada em suas múltiplas potências: desde a agricultura, a farmacologia, a arte, a política, a saúde, a religião, etc. Deve ser explorada sobretudo numa perspectiva feminista antiproibicionista, que entende que o resgate dessa relação ancestral entre seres fêmeas: planta e mulher, traz a tona o poder da criação.

A maconha pode salvar o mundo (vejam o episódio Maconha do Greg News sobre isso). As mães movem o mundo. Como canta Marina Peralta: Já viu poder maior que esse? Então respeite! Mama respect! Libertar nossas Marias, é adiar o fim do mundo. Vamos adiar o fim do mundo? 

Cada questão acima levantada sobre a relação entre Maconha e Maternidade será abordada considerando sua complexidade. A ideia é que possamos dichavar juntos essas questões e bolar várias reflexões e saberes, costurando nossas múltiplas realidades e tecendo nossa rede feliz, alegre e forte. Queremos conhecer histórias de mãeconheiras e mãeconhas. Vamos compartilhar nossas dúvidas, relatos e experiências e assim nos aproximar da verdade, do nosso verde sincero, verdeverdade

Nossa conversa começa agora, estamos prontos! Dichave aqui suas ideias e inquietações!