Qual é o efeito do MDMA no corpo das mulheres?
Este texto nasce da minha experiência com o MDMA. Sempre usava com cautela. Não consumo álcool e tabaco e me alimentava bem antes e durante o uso do MDMA, além de tomar bastante água.
Porém, ademais do gosto amargo o qual considero muito ruim, era comum eu me sentir desconfortável, principalmente quando a onda passava, no dia seguinte. Sentia uma ressaca pesada, dor de cabeça e corpo cansado.
Conversei com meus amigos sobre isso e os relatos dos homens eram quase sempre positivos, enquanto os relatos das mulheres eram mais próximos dos meus.
Portanto, fui pesquisar sobre e encontrei algum fundamento para minha dor de cabeça e o meu desconforto ao usar MDMA.
Por que o efeito do MDMA é diferente nas mulheres?
A razão se dá pelo fato de que as mulheres têm estrogênio, hormônio principal do desenvolvimento das características femininas e pelo controle de ovulação.
O estrogênio, tal como o MDMA, faz com que o corpo retenha mais líquidos e consequentemente provoca edemas (inchaço cerebral) e por isso a dor de cabeça.
Em 2018, um estudo da Global Drug Survey com 130 mil pessoas de mais 40 países, revela que as mulheres são as que mais recorrem à emergência médica após o uso do MDMA.
O médico e psiquiatra, Fábio Carezzato, há uma década pesquisa mulheres que usam drogas, nos explica que “mulheres parecem ser mais vulneráveis a esse problema, por conta de efeitos inibitórios do estrogênio sobre a resposta às mudanças de concentração de sódio, além de algumas especificidades da sensibilidade do cérebro e dos rins aos hormônios antidiuréticos”. Mas, calma, não criemos pânicos, as complicações são raras e normalmente são resultados de uso abusivo e a ausência das práticas de redução de danos.
Estratégias de redução de danos ao usar MDMA
Para diminuir riscos e desconfortos, primeiramente é bom conhecer a procedência da substância, portanto, testar a droga para ter certeza que não está adulterada, é fundamental.
Na internet é possível comprar kits de reagentes colorimétricos a preços acessíveis.
Se alimentar bem antes do uso é imprescindível. Escolher bem suas companhias também. Pessoas que você confia e ambientes seguros e confortáveis.
E o principal: beber água. Mas, quanto de água? A indicação é beber sempre e aos poucos. Bebidas isotônicas são ótimas para repor sais minerais.
Para nós mulheres, evitar o uso durante a fase menstrual. E para todos usuários, esperar pelo menos cinco semanas para ingerir novamente a substância.
Apesar das leis e políticas de drogas no Brasil serem proibicionistas, o MDMA vem sendo apontado por profissionais da saúde, sobre os potenciais terapêuticos da substância.
Todavia, ainda não está liberado o uso do MDMA, nem de modo terapêutico, tampouco recreativo.
Não são todas as mulheres que relatam dor de cabeça, desconforto, etc., ao consumir MDMA.
Os estudos sobre o impacto do MDMA nas mulheres carecem de conclusão, mas, nos dão indícios e alertas para que as mulheres saibam dos possíveis efeitos e possam fazer um uso mais seguro e confortável.
Por isso, é importante praticar redução de danos e procurar informações antes de consumir a substância, para que a droga do amor não lhe cause dores de cabeça.
![maira](https://mapacanabico.com.br/wp-content/uploads/2023/11/thumb_Foto-criada-em-17-11-18-às-12.47_1024.webp)
Historiadora, pedagoga, tradutora. Escreve toda semana no: www.apoia.se/mairacastanheiro
Escrevo sobre maternidade, drogas, feminismo, desescolarização, história da poesia marginal, história da contracultura. Tenho artigos e ensaios acadêmicos publicados. Sou ativista pela legalização das drogas e uso minha palavra e voz para tratar da realidade das mães e mulheres, principalmente das mãeconheiras que sofrem as consequências do proibicionismo.
Sou filha de poetas da contracultura. Nasci em Salvador e fui criada no Rio de Janeiro, por isso, baioca! Atualmente moro em Florianópolis/SC. Sou historiadora, escritora e tradutora. Desde 2015 publico nas redes sociais meu blog: Diário de uma Mãeconheira. Publiquei meu primeiro livro, independente, em 2019 (cartas Para Maria Alice). Em 2021, pela editora Moluscomix, o diário de uma mãeconheira foi publicado em livro, com 224 páginas na cor verdeverdade. Atualmente, vivo como escritora e publico minha escrita no apoia.se/mairacastanheiro para os meus assinantes. Minha escrita passa por diferentes narrativas e estilos literários: cartas, diários, poesias, contos e ensaios. Trago bastante o universo de: sexo, drogas e rock and errou, desde uma perspectiva feminina e feminista, desde o lugar de ser mãe/mãeconheira, afinal, as mães também usam drogas e trepam!
Escrevo sobre qualquer coisa mas não escrevo qualquer coisa!