Ao contrário do que se pode imaginar, a maconha pode ser uma forte aliada no tratamento da doença de Alzheimer. Descubra tudo que a ciência fala sobre o assunto.


Sumário

  1. O que é o transtorno de Alzheimer?
  2. Quais são os sintomas e as consequências do Alzheimer?
  3. A engrenagem da doença de Alzheimer e suas implicações
  4. Quais são as causas do Alzheimer?
  5. Dados de incidência do transtorno de Alzheimer
  6. Como prevenir o Alzheimer?
  7. Mas, afinal de contas, qual é a relação entre Alzheimer e maconha?
  8. O dossiê paradoxal da Cannabis sobre a memória humana
  9. O Sistema Endocanabinóide como promessa de qualidade de vida aos portadores de Alzheimer
  10. A maconha pode ser um tratamento para o Alzheimer?
  11. Como o Sistema Endocanabinóide se relaciona ao Alzheimer
  12. Como são as pesquisas científicas sobre maconha e Alzheimer?
  13. Seria a Cannabis capaz de reverter os sintomas do Alzheimer?
  14. Relatos animadores de pacientes

No texto “Sonho, memória e maconha“, Sidarta Ribeiro esclarece a relação entre os estereótipos do Alzheimer e da maconha: pensar em Alzheimer logo nos remete à perda de memória e o uso recreativo da maconha carrega o mesmo estigma.

Mas as implicações dessa doença neurodegenerativa não cessam por aí. Assim como a Cannabis leva a fama sem tanto proveito quanto se imagina.

Neste artigo, vamos desvendar o laço auspicioso (e, talvez, surpreendente!) entre maconha e Alzheimer. Vamos lá?

O que é o transtorno de Alzheimer?

O que conhecemos por esta patologia, atualmente, foi descrita a primeira vez por Alois Alzheimer, psiquiatra e neurologista alemão, em 1906.

A descoberta foi revelada depois que o Dr. Alzheimer, em uma autópsia, se deparou com lesões cerebrais nunca antes vistas.

Os machucados, sabe-se hoje, são decorrentes da formação de “placas” neurais, responsáveis pela morte celular e atrofia cerebral.

tratamento de alzheimer com maconha
(Fonte: Alzheimer360)

A disfunção tem raízes genéticas. Não é infecciosa nem contagiosa, mas não tem cura.

Em linhas gerais, a doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que leva, sobretudo, à devastação de funções cognitivas: memória, orientação, atenção e linguagem, o que afeta seriamente a capacidade de uma pessoa realizar tarefas do dia-a-dia.

Quais são os sintomas e as consequências do Alzheimer?

De acordo com o Dr. Dráuzio Varella, o transtorno de Alzheimer provoca deterioração das funções cerebrais como um todo.

Além da memória, ficam comprometidas habilidades cognitivas. Na mira, estão atividades imprescindíveis ao cotidiano: linguagem, razão, capacidade de julgamento, habilidade de cuidar de si próprio… A lista é bastante vasta.

Até hoje, a doença de Alzheimer não tem cura. O objetivo do tratamento é, portanto, reduzir os sintomas. Inclusive, a partir do diagnóstico, a expectativa de vida após o diagnóstico de Alzheimer não passa de 10 anos.

A engrenagem da doença de Alzheimer e suas implicações

Mas uma ponta de esperança se acende quando se identifica o transtorno precocemente. Só desta forma é possível retardar seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, o que promove uma melhor qualidade de vida ao paciente e à sua família.

Esquecimentos, como dificuldade em lembrar palavras, e desorientação no tempo e espaço são, comumente, os primeiros indícios de que algo não vai muito bem.

(Fonte: Hospital Santa Mônica)

O sucesso do diagnóstico antecipado se justifica pela própria engrenagem da patologia. Os neurônios de quem sofre com o Alzheimer acumulam em si uma fibra proteica pegajosa, chamada beta-amilóide — aquelas placas deparadas pelo doutor homônimo.

Cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) constataram que a proteína beta-amilóide também provoca transtornos depressivos.

O próprio organismo fabrica a beta-amiloide. No entanto, o seu papel preciso é obscuro. Uma pesquisa apontou que a proteína pode ter papel de proteção contra infecções cerebrais, mas sua condensação é bastante nociva.

Componente principal do depósito de placas que são características da doença de Alzheimer, ao se acumular entre as células nervosas cerebrais, emperra a comunicação entre elas.

Logo, o resultado da aglutinação da proteína é o declínio cognitivo do paciente. Mas o pretexto específico do amontoamento, no entanto, ainda é um mistério para a ciência. 

Quais são as causas do Alzheimer?

Há pistas. Reforçam os cientistas que a predisposição genética para o Alzheimer é um aspecto de proeminência, pois foi observado por eles que pacientes com familiares acometidos pela doença apresentam os primeiros sintomas mais cedo do que pacientes sem histórico familiar, por volta dos 50 anos.

Ainda assim, devem ser encarados com seriedade outros fatores de risco como:

  • Diabetes mellitus
  • Hipertensão arterial
  • Depressão
  • Surdez
  • Baixa escolaridade
  • Sedentarismo
  • Consumo elevado de gordura saturadas e de bebidas alcoólicas
  • Infecções recorrentes por vírus da família herpes
  • E até exposição contínua à poluição atmosférica.

Todos esses elementos se relacionam frequentemente a uma maior chance de desenvolver o Alzheimer. 

Dados de incidência do transtorno de Alzheimer

Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) calculam que 47,5 milhões de pessoas convivem com algum tipo de demência.

O Alzheimer, por sua vez, representa cerca de 70% dos casos. É o mais frequente dos tipos. No Brasil, afeta 1,2 milhão de pessoas, segundo a Associação Brasileira de Alzheimer. 

Ainda de acordo com a OMS, em 2050, esse universo pode passar dos 130 milhões de pacientes, em suma idosos com mais de 65 anos.

O Alzheimer afeta 1% dos idosos entre os 65 e 70 anos, mas a prevalência aumenta exponencialmente com a idade: são 6% acometidos aos 70, 30% aos 80 anos e mais de 60% após os 90 anos.

(Fonte: Catraca Livre)

Como prevenir o Alzheimer?

Como é da lei geral para uma vida plena, hábitos saudáveis colaboram para prevenir a doença. Experts das universidades da Califórnia e de Pittsburgh, nos Estados Unidos, descortinaram a informação de que quem se exercita mais tem um cérebro maior, sobretudo em áreas associadas à memória e ao Alzheimer, a exemplo do hipocampo.

O perigo da má condição se desenvolver caiu pela metade no pessoal analisado.

A prática de atividades físicas nos dá uma pista do porquê os endocanabinóides, produzidos quando se mexe o corpo, são fundamentais inclusive na terapia de contenção dos sintomas do Alzheimer. Veremos mais adiante.

Quanto mais trabalhar o juízo, melhor para minguar o risco de ter a disfunção. Há de se exercitar o cérebro, desafiar o raciocínio com leituras, palavras cruzadas, jogos de estratégia, pois o sedentarismo cognitivo aumenta em 19% as chances de ter Alzheimer.

Mesclado a tudo isso, uma dieta rica em peixes, azeite de oliva, vegetais e castanhas contribui para resguardar os neurônios.

Controlar o peso também evita danos às artérias, que, com o passar do tempo, boicotam as atividades neuronais.

Nesse sentido, vale salientar que é taxativo conter os níveis de colesterol, pressão e diabetes. Inclusive, segundo o estudo da revista Diabetologia, a diabetes pode triplicar a chance de se desenvolver Alzheimer.

Mas, afinal de contas, qual é a relação entre Alzheimer e maconha?

Quanto à maconha, à medida que a ciência passa a examinar mais profundamente seus desdobramentos ante à saúde humana, começa-se a assegurar melhor os efeitos benéficos causados pela Cannabis no nosso cérebro – e se, de fato, prejudica a memória.

Mas vamos por partes. Para se falar do casamento promissor entre Cannabis e Alzheimer é preciso, antes de tudo, esmiuçar os efeitos do transtorno no encéfalo humano.

Por ora, podemos adiantar que as evidências científicas até aqui, pelo caminho do conhecimento, são alentadoras. Embarque conosco.

O dossiê paradoxal da Cannabis sobre a memória humana

A memória humana é setorizada: há a memória de curto prazo e de longo prazo. A primeira serve para armazenar eventos temporariamente. A de longo prazo é o lugar que guarda as informações de forma duradoura ou permanente.

Aí é que está o xis da charada maconha vs. memória, ou melhor, a falta dela. De acordo com um ensaio escrito por dois professores das Universidades de York e de Leeds, da Inglaterra, o uso adulto da Cannabis é capaz de alterar ou distorcer temporariamente o processamento da memória a curto prazo. 

Ainda segundo o artigo, a causa desse desmemoriamento se relaciona à interrupção da sinalização neural quando os compostos canabinóides se ligam aos receptores cerebrais encarregados das lembranças.

Os pesquisadores alertam que a intermissão da memória de curto prazo pode tolher a aprendizagem, assim como causar dificuldades de concentração.

Mas ao contrário do que se vulgarmente se diz por aí, a maconha não mata os neurônios. Essa tarefa degradante fica a cargo de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

O quadro de esquecimento fugaz é revertido em questão de semanas, se a pessoa suspender o consumo recreativo da Cannabis. 

O problema se agrava quando o uso é exagerado, associado ao álcool e/ou feito por adolescentes. Com o encéfalo ainda em desenvolvimento, a maconha pode causar mais danos ao cérebro juvenil do que a bebida.

No entanto, outras pesquisas validam o impacto positivo que a Cannabis pode ter em doenças neurodegenerativas que afetam a memória, como Alzheimer, epilepsia e doença de Huntington.

Em estudos principalmente em animais, quando cientistas manipularam componentes da maconha, apuraram que os canabinóides têm ímpeto para retardar ou até impedir o avanço dos transtornos.

O Sistema Endocanabinóide como promessa de qualidade de vida aos portadores de Alzheimer

Nos Estados Unidos, a partir de um levantamento da Clínica Cleveland, é praticamente um consenso que os medicamentos alopáticos falham.

Entre 2002 e 2012, o centro acadêmico norte-americano testou diversas drogas contra esse tipo de demência e reconheceu que 99% delas não trouxeram qualquer resultado proveitoso. 

Algumas explicações consolidam o saldo da sondagem: uma delas é que, nos estágios mais delicados, por mais que se retire a proteína lesiva, as células nervosas já morreram, o que é irreversível (daí a importância da diagnose precoce).

A outra justificativa é o terreno de incerteza onde o transtorno de Alzheimer se delineia. Os cientistas ainda não chegaram a um consenso sobre quais fatores são estopim da ruína mental.

Com mais de 1 milhão de pessoas portadoras deste modo de demência no Brasil, avoluma-se a busca por terapias que amenizem, realmente, os sintomas.

A Cannabis pode ser, e é, uma saída. Uma série de pesquisas acerca do tema tem tomado fôlego mundo afora.

A maconha pode ser um tratamento para o Alzheimer?

Uma delas afirma que a Cannabis pode ser aliada, como um complemento, ao tratamento alopático tradicional, em uma resposta positiva a sintomas como agressividade e insônia.

(Fonte: Hypeness)

Outras pesquisas destacam que o CBD é capaz de evitar a criação de proteínas malformadas decorrentes do Alzheimer, a beta-amilóide.

Também, em mais um estudo, demonstrou-se com sucesso a associação entre os canabinóides e a proteção às células nervosas.

Existe uma gama de benesses da Cannabis. Seu poder terapêutico é múltiplo. Melhora na socialização e no apetite, abrandamento da insônia, tranquilização do paciente, amenização de oscilações bruscas de humor, redução de inflamações em variadas áreas do corpo, além de atuar na neurogênese – capacidade de regeneração do cérebro pelo nascimento de novas células.

Todas essas vantagens, quando se pensa na condição do Alzheimer, fazem sentido que arranjem uma melhora na qualidade de vida do idoso e seus cuidadores.

Usar o extrato oleoso de Cannabis desde as manifestações primárias do Alzheimer auxilia enormemente no controle dos transtornos, já que a medicação atenua boa parte dos sintomas.

(Fonte: TopGrows)

Como o Sistema Endocanabinóide se relaciona ao Alzheimer

A esperança deriva dos receptores do Sistema Endocanabinóide (SEC) e seus endocanabinóides, que entram em cena quando as pessoas ingerem, sob a forma de gotas, os canabinóides presentes na maconha.

O enlace dos canabinóides da maconha (sejam o canabidiol (CBD), o tetra-hidrocanabinol (THC), o canabinol (CBN) ou o canabigerol (CBG) com os nossos endocanabinóides é fértil.

Em comunhão, levam nosso corpo a atingir um estado de homeostase, que significa nada menos que o equilíbrio do organismo.

Trocando em miúdos, é quando o organismo conserva estável o seu meio interno, independentemente das inquietações que decorram no ambiente externo.

Se o SEC é um sistema biológico composto por neurotransmissores (os endocanabinóides), o consumo do óleo de Cannabis é espantosamente eficaz nos casos de Alzheimer porque age diretamente no cérebro.

Além disso, quando ativados, esses receptores, alastrados por partes do corpo sortidas, também se empenham em mitigar inflamações e atenuar dores musculares.

Como não fosse bastante, estudos dão conta que o óleo de Cannabis opera como um neuroprotetor que inibe a formação excessiva de beta-amilóide no cérebro, disfunção inerente aos pacientes com Alzheimer, associada à degeneração das células cerebrais e ao quadro de demência.

Essas conclusões são resultado de um estudo de pesquisadores do Salk Institute, na Califórnia, de junho de 2016 no jornal científico Aging and Mechanisms of Disease.

A equipe do Salk analisou células nervosas alteradas para produzir altos níveis de beta-amilóide para imitar os aspectos da doença.

Nelas, desvendaram evidências preliminares de que o THC e outros canabinóides têm potencial para remover a beta-amilóide, proteína que forma as “placas” no cérebro responsáveis pelo mal de Alzheimer. 

Como são as pesquisas científicas sobre maconha e Alzheimer?

Os testes foram conduzidos em neurônios cultivados em laboratório e fornecem indicadores para o desenvolvimento de novas terapias contra a doença, entretanto, carecem mais estudos em humanos para aperfeiçoar o tratamento via Cannabis. 

A maioria das investigações em pessoas foram executadas sob o viés comportamental. Falta lançar olhares pela perspectiva da cognição. Testes clínicos são necessários para traçar uma terapia com o uso da Cannabis.

Por esta razão, o extrato de maconha não é indicado como tratamento único, e sim como uma terapia complementar. 

A falta de estudos clínicos se relaciona principalmente à proibição de pesquisar sobre a maconha. Essa possibilidade é bastante recente, principalmente no Brasil.

Mesmo assim, nos destacamos em novos estudos. No país, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade da Integração Latino-Americana (UNILA), estão realizando os maiores estudos em número de pacientes em nível mundial. Os resultados dessas pesquisas devem sair em 2025.

Seria a Cannabis capaz de reverter os sintomas do Alzheimer?

É isso que um estudo inédito realizado no Brasil mostrou, analisando o caso de um paciente de 75 anos com Alzheimer e submetido ao tratamento, foi visto uma reversão dos efeitos de perda da memória, além disso foi visto melhoras no humor, sono e a doença se mantém estável.

O paciente foi tratado com um óleo rico em THC, e utilizou 500 microgramas do extrato de Cannabis, o que é uma dose considerada baixa, mas mesmo assim eficaz.

É claro que não podemos afirmar sobre reverter os sintomas analisando um único paciente, mas resultados assim são surpreendentes.

O que se relaciona com os estudos feitos em animais mostrando redução da formação exacerbada da proteína beta-amilóide, apontada como causadora da doença.

Em animais, a exposição de células nervosas ao THC encolheu os níveis de beta-amilóide e eliminou a resposta inflamatória dos neurônios desencadeada pelo amontoado da proteína visguenta, o que garante certa sobrevida aos nervos cerebrais. 

A inflamação cerebral é uma particularidade relevante do dano inerente à doença de Alzheimer, mas sempre se assumiu que esse feedback se originaria de células do cérebro semelhantes às do sistema imune, não das próprias células nervosas, afirmam pesquisadores do laboratório de Schubert.

A estratégia tomada pelos cientistas foi de identificar a base molecular da resposta inflamatória à beta-amilóide.

Assim, ficou patente que componentes semelhantes ao THC, produzidos pelas próprias células nervosas, podem estar envolvidos em impedir a morte neural.

Do lado de cá do hemisfério, no Brasil, um grupo do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), colaborador da AMA+ME, atestou a função neuroregeneradora do CBD. Sua ação implica no aumento das células progenitoras de neurônios no hipocampo.

Os relatos de pacientes são animadores 

Por mais que sejam escassos os testes clínicos supervisionados, há bastantes famílias, em suas particulares configurações, que usufruem do néctar da Cannabis para serenar as inquietações mil desse ou daquele ente querido portador da doença de Alzheimer. Francisquinha, figura cativa do canal O Bom do Alzheimer, é um exemplo vivo, muito vivo, de como a erva da maconha pode devolver a convivência harmoniosa entre mãe e filha. 

Outro exemplo é do Ivo, que em um vídeo emocionante revela o sucesso do tratamento com a Cannabis para o Alzheimer, o paciente que chegava a ser agressivo com seus familiares, muda totalmente o comportamento após o uso do óleo. Para ajudar outros pacientes, Filipe, filho de Ivo, fundou a associação “Curando Ivo”, que hoje é uma das principais do país.

A filha de Paulinha, Rebeca, também mostra o dia a dia da mãe realizando o tratamento com a Cannabis, no instagram @nomundodepaulinha, ela responde dúvidas e compartilha a realidade da doença.

Indicamos para quem busca tratamento, procurar um médico que seja experiente na prescrição dos canabinoides, o acompanhamento de um profissional é extremamente importante para o sucesso da terapêutica.

Posts recentes

Veja mais