Viajar combina bastante com fumar maconha, não é à toa que um dos termos coloquiais para se referir aos efeitos da cannabis, como pensar coisas diferentes e ter ideias mirabolantes é justamente “viajar”. Além dessa conexão entre conhecer e explorar lugares fora do nosso cotidiano e ter ideias e pensamentos fora do eixo tradicional, fumar um baseadinho na viagem é tudo de bom não é mesmo!? Vamos falar um pouco como funciona as políticas de drogas para cannabis nos principais destinos turísticos da América do Sul para salvar os viajantes que estão planejando uma visita pelos países vizinhos e não dispensam o uso da maconha no rolê.

A cannabis pode ser uma companhia agradável em vários momentos do rolê. Fumar um baseadinho na praia, ou na natureza em geral, é excelente para relaxar. O beck também pode ser companheiro daquele momento de conversa entre a galera, de reflexão consigo mesmo, para acompanhar um filme ou para desacelerar depois de um dia cheio de atividades e aventuras.

Viajar combina tanto com viagens, que algumas empresas de viagens estão apostando no “Turismo Canábico” em países e estados onde a maconha é legalizada. Essa forma de turismo consiste basicamente em conhecer as formas de acesso e consumo de cannabis nesse país, além de visitar feiras, exposições, eventos e até museus focados na cultura cannábica. Claro que bons restaurantes para matar a larica não podem faltar em uma viagem focada em cannabis!

Que cannabis e viagens têm uma conexão especial a gente já entendeu, mas como fazer para degustar o seu baseado na viagem sem correr riscos? Pode viajar com maconha na mala? E o CBD? Pode ser levado no avião? Mais importante de tudo! Como achar maconha quando estamos indo para um lugar totalmente novo? Essas são algumas questões importantes para o maconheiro viajante pensar antes de pegar a estrada.

Como funciona a legalização da maconha no Uruguai

Em 2013, o Uruguai se tornou o primeiro país do mundo a legalizar federalmente a cannabis recreativa. A regulamentação da maconha significa que existem regras para comprar e consumir cannabis no país. A Lei 19.172 determina que o Estado assuma o controle sobre a exportação, importação, cultivo, produção e distribuição da cannabis através do IRCCA (Instituto de Regulação e Controle da Cannabis).

Existem três meios de conseguir cannabis no Uruguai. Através de cultivo pessoal, em farmácias ou em associações canábicas. Cada meio tem regras definidas, mas o usuário deve ser maior de 18 anos e residente legal do Uruguai. 

O cultivo de cânhamo no Uruguai

O cultivo de cânhamo para fins industriais também é permitido, porém o órgão governamental responsável é o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca. Para a cannabis ser considerada industrial deve ter menos de 1% de THC. Em maiores concentrações de THC a cannabis é considerada psicoativa. Nesse caso, o IRCCA é responsável pelas autorizações de cultivo para fins medicinais ou científicos e de cultivo para consumo compartilhado, feito pelas associações canábicas.

Associações ou clubes canábicos no Uruguai

As associações ou clubes canábicos no Uruguai podem cultivar até 99 plantas de cannabis, sempre que justificando a quantidade de membros e respeitando a quantidade permitida individualmente. Cada associação deve ter entre 15 e 45 membros. O cultivo de cannabis para consumo pessoal permite até seis plantas com uma colheita máxima de 480 gramas ao ano. 

Farmácias comunitárias no Uruguai

O governo também produz cannabis para distribuir em farmácias comunitárias já registradas no Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (IRCCA). Estima-se que essa produção governamental varia entre 18 e 22 toneladas anuais.

A venda nas redes farmacêuticas verificadas funciona apenas para usuários registrados. Os usuários podem comprar 40g mensalmente em embalagens de até 10g. A quantidade máxima de THC permitida na cannabis vendida na farmácia é de 15% e o valor em torno de 20 pesos ou R$ 2,50.

Regulamentação da cannabis no Uruguai

Outras questões importantes referentes à regulamentação da cannabis no Uruguai são a proibição de qualquer publicidade, do consumo em lugares públicos e, assim como o álcool, conduzir sob o efeito da substância.

Alguns uruguaios contestam o excesso de controle do Estado na regulamentação da cannabis. Muitos têm medo de se registrar como usuários ou cultivadores e sofrerem algum tipo de represália no futuro. Outra crítica é a qualidade da maconha produzida pelo governo. Além disso, o usuário pode escolher apenas uma das opções para obter maconha recreativa no Uruguai.

Por esses motivos, ainda existem muitos usuários que optam por consumir do mercado não regulamentado de maconha ou apenas não se registrar nos programas do governo.

Posso comprar maconha na minha viagem para o Uruguai?

As três formas de conseguir maconha no Uruguai, Cultivo, Associação Cannábica ou farmácia são para residentes legais no Uruguai. Por outro lado, não é difícil encontrar um cultivador que possa compartilhar seus buds com você.

De qualquer forma, a posse para uso pessoal permitida no Uruguai é 40g de maconha. Então não abuse das quantidades quando encontrar um fazendeiro bonzinho pelo país. Há relatos de que algumas associações também aceitam turistas, mas essa não é uma prática regulamentada.

Outra dica importante é quando for alugar um alojamento, seja via Booking ou Airbnb, dar uma olhada no selo 420 que algumas acomodações usam em países legalizados. Isso permite você se hospedar em um ambiente seguro para fumar e ainda se conectar com anfitriões que curtem a cannabis e podem te ensinar sobre a cultura cannábica local.

Agora que você já sabe como conseguir seu beck na viagem para o Uruguai, aproveite a vibe de liberdade dos nossos hermanos e tenha uma viagem inesquecível.

Como funciona a Legislação de Cannabis na Argentina

Em novembro de 2020, marco muito importante para a história da cannabis na Argentina, foi decretado a legalização do cultivo de maconha para uso medicinal. 

Essa decisão permite que pacientes, pesquisadores e associações canábicas cultivem de forma independente para fins medicinais. O decreto inclui que óleos, cremes e tinturas à base de cannabis também estão disponíveis para os pacientes em farmácias e lojas especializadas.

A regulamentação da lei de cannabis medicinal de 2020 substituiu a lei 23.737 em vigor desde 2017 que punia com até 15 anos de prisão o porte de sementes e cultivo de maconha. Em relação ao uso de cannabis para fins medicinais, a lei anterior permitia o uso apenas para pacientes com epilepsia refratária e não permitia o cultivo e venda em território nacional, sendo necessária a exportação dos remédios à base de cannabidiol.

Para cultivar de forma individual ou coletiva (associações canábicas) é necessário se inscrever no Registro de Programa de Cannabis (Reprocann) e apresentar uma prescrição médica.

Os pacientes de maconha medicinal podem possuir até 40g de flores de maconhas ou até 6 frascos de 30 ml de tintura, extrato ou óleo de cannabis. Ainda não está definido o limite para cultivo individual, enquanto está permitido o cultivo de até 9 plantas por paciente para as associações, com um limite de 150 pacientes registrados.

A nova lei que regulamenta a cannabis medicinal abre espaço para uma discussão sobre os diversos usos da cannabis, medicinalmente, mas também o uso industrial da cannabis. O decreto prevê a criação do Conselho Federal para o Desenvolvimento da Indústria do Cânhamo de Cannabis Medicinal, que contará com um representante do governo nacional e um por cada província do país.

A cannabis é legalizada na Argentina?

A maconha não é legalizada para fins recreativos na Argentina, a mudança na lei desde 2020 permite o cultivo de pessoas cadastradas no Reprocann e autorizadas a cultivar pelo Ministério da Saúde para fins medicinais.

No entanto, as províncias argentinas têm autonomia nas leis, dentro dos limites da Constituição Federal e por isso podem ser mais ou menos permissivas nos aspectos jurídicos da maconha. Jujuy, por exemplo, é uma província argentina que o Ministério de Segurança permite, desde fevereiro de 2019, o cultivo de cannabis para fins científicos e acadêmicos.  

A nova regulamentação de cannabis na Argentina ainda não permite a maconha recreativa, porém seu uso pessoal em ambientes privados é descriminalizado, ou seja, não é penalizado com pena de prisão.

Como conseguir cannabis na minha viagem para Argentina?

No mesmo esquema do Uruguai, o jeito de encontrar baseado na sua viagem para Argentina é conhecer um fazendeiro ou paciente medicinal bonzinho que esteja disposto a compartilhar os seus camarões com você. 

A boa notícia é que a cultura da maconha na Argentina é bem difundida principalmente entre os mais jovens, então não vai faltar oportunidade de encontrar um show de reggae ou barzinho com maconheiros para trocar experiências e dicas.

Como funciona o mercado canábico no Chile?

O Uruguai foi o primeiro país do mundo a legalizar federalmente a maconha, porém o vizinho Chile também está bem avançado nas lutas em relação à cannabis e caminha para um processo de legalização do consumo da erva.

O Chile descriminaliza o consumo da cannabis em ambiente privado e pessoal desde 2005. Já o cultivo para fins medicinais foi legalizado em 2014. Para cultivar é necessário uma autorização do Serviço de Agricultura Chileno (SAG) que verifica a prescrição médica do paciente. 

O cultivo medicinal em larga escala também é autorizado pelo SAG. O país permite desde 2014, que instituições cultivem cannabis para extração do óleo de canabidiol usado no tratamento de diversas doenças.

No mesmo ano o cultivo coletivo por instituições e o cultivo privado para fins medicinais foi legalizado, o Chile também passou a autorizar a importação de medicamentos à base de cannabis.

Desde 2015 o país sulamericano legaliza a venda de cannabis em farmácias com prescrição médica. Essa decisão abriu portas para um novo tipo de comércio que são boutiques cannábicas, head shops, lojas de cultivo entre outros tipos de lojas relacionadas à cultura da maconha. 

Alguns produtos à base de cannabis vendidos no mercado chileno são cremes para dor, cosméticos como cremes faciais e sabonetes e também bebidas energéticas e alimentos como balas e doces.

Afinal, a maconha é legal no Chile?

Apesar de todos os avanços legislativos em relação à cannabis medicinal, industrial e do forte mercado presente no país com produtos feitos à base de cannabis, o cultivo para uso pessoal, o comércio e uso de cannabis em locais públicos é proibido.

A punição por adquirir maconha em farmácias sem prescrição médica pode ser uma multa ou até 20 anos de prisão. Já o cultivo e consumo em lugares privados é descriminalizado, desde que sejam até 6 pés de maconha. Já o porte permitido é de até 25g.

Turismo canábico no Chile

Mesmo com o uso recreativo proibido para residentes e turistas, o Chile é uma ótima opção para os viajantes maconheiros que buscam fazer turismo canábico, ou seja, uma viagem focada na cultura, eventos e feiras cannábicas.

O Chile está na rota dos turistas da cannabis, pelas lojas e comércios já descritos acima, que vendem inclusive sementes para “colecionadores”. As rotas por vinhedos no Chile também são uma ótima combinação para quem busca combinar um bom vinho com um bom baseado.

Outro grande atrativo para os cannabistas mundo afora é a Expoweed. A maior feira cannabica da América Latina e uma das maiores do mundo, acontece na capital chilena, Santiago.

Desde 2012, todos os anos a Expoweed mostra para os amantes da maconha tudo de novo que vai surgir na indústria, as inovações para cultivo, solo e extratos. No evento também acontecem palestras, workshops, exposições e debates sobre o mundo canábico em geral.

Por esses motivos, se você encaixar suas férias no Chile com a Expoweed, com certeza não vai faltar maconha para te acompanhar na viagem.

Como funciona a legislação de cannabis na Colômbia

A Colômbia despenaliza parcialmente a possessão e o uso pessoal de marijuana em 1994 como uma medida para combater o narcotráfico que dominava o país na época. A decisão foi duramente criticada pelos Estado Unidos, entretanto a discussão sobre uso de drogas continuou acontecendo na Colômbia. 

Em 2012, a lei 1566 estabeleceu os direitos dos usuários de substância psicoativa de receber atendimento do sistema de saúde. A lei definiu que qualquer pessoa com menos de 20g de maconha em um ambiente privado não seria processada, porém em determinadas situações poderia ser derivada para receber tratamento.

Em 2016, o governo federal colombiano regulamenta o cultivo e produção de cannabis para fins medicinais por empresas e associações, além da importação e exportação de medicamentos à base de CBD. 

As empresas devem estar registradas e licenciadas no Instituto Colonbiano Agropecuario para atuar no setor cannabico. Além disso, devem estar previamente certificadas pelo Instituto Nacional de Vigilância de Medicamentos e Alimentos.

No ano seguinte, 2017, a Colômbia legalizou o cultivo da cannabis para fins industriais. A cannabis industrial, também conhecida como hemp ou cânhamo, pode ser usada para fabricação de roupas, fibras e cordas, além de poder substituir  o plástico e ser usada até como combustível.

O uso de cannabis recreativo continua sendo ilegal

Em 2019, a despenalização da cannabis para uso pessoal se estendeu para o espaço público. Entretanto, cultivo para fins recreativos, assim como a distribuição e a venda da maconha, é ilegal na Colômbia. O porte de 20g de cannabis ou mais é considerado posse com intenção de venda e pode ser penalizado com até 20 anos de prisão.

Turistas podem comprar maconha na Colômbia?

Assim como os residentes do país, turistas não têm permissão de comprar maconha para o uso recreativo na Colômbia. Por outro lado, o uso e posse para consumo pessoal não é penalizado, então caso encontre um baseadinho, não porte mais de 20g com você.

No caso de viajantes com autorização medicinal para consumir cannabis, é necessário estar com a prescrição médica para comprar o produto e principalmente para viajar com o CBD para o Brasil.

No caso de sementes, o Brasil não permite a entrada no país, então mesmo que seja possível comprar na Colômbia não é permitido levar na mala para o Brasil. 

O que evitar em uma viagem cannábica?

Levar cannabis, ou haxixe, na mala em um voo internacional, pode ser considerado tráfico internacional e acarretar em penas graves no Brasil ou na América do Sul. Por isso, conheça as leis do país de destino e evite cogitar em levar maconha com você em qualquer viagem.

Conclusão

A maconha é uma ótima companheira de viagem, mas também pode trazer dor de cabeça e estragar as suas férias. É super necessário entender as leis sobre cannabis no país de destino para não se expor a situações de risco.

Outra dica é verificar onde é permitido fumar, seja o país legalizado ou não, sempre tem alguns lugares mais tranquilos que outros. Então observe bem e verifique as leis, principalmente, sobre quantidade, antes de acender o seu baseado.

Conhecer, conversar e seguir os locais é sempre enriquecedor em uma viagem e no caso de uma viagem cannábica esse contato pode ser ainda mais importante. Os locais sempre sabem onde comprar maconha, os preços justos e lugares seguros para fumar, curtir a brisa e matar sua larica.